David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos de média e alta gestão, que atua em todos os setores da economia na América Latina, com escritórios em São Paulo e Belo Horizonte. É também autor do livro “Contratado ou Demitido – só depende de você” e professor convidado da Fundação Dom Cabral (FDC) para matérias de gestão de pessoas. Ele atua, ainda, como embaixador do ChildFund, eleita, pelo quarto ano consecutivo, uma das 100 melhores ONGs do Brasil, que apoia crianças e adolescentes em extrema vulnerabilidade.
Falar de um ano desafiador, incerto e de muitas mudanças, com certeza, é falar de 2020. Foram meses que colocaram à prova governos, empresas e pessoas. Todos tiveram que vivenciar, de fato, a palavra disrupção. Foi necessário revisar planos pessoais, planejamentos corporativos, sonhos, promoções na carreira, casamentos e até mesmo lançamento de produtos ou unidades de negócios.
No entanto, os momentos difíceis só são determinantes e cruéis para quem não enxerga as oportunidades. Nas empresas, transformações positivas também surgiram, com destaque para as mudanças na cultura organizacional, o que, por sua vez, ampliou as exigências em relação às competências e habilidades de lideranças e liderados. Sendo assim, este é um bom momento para que os profissionais repensem – se ainda não o fizeram – o caminho em que estão e de que maneira ele os conduzirá para onde desejam. Afinal, você quer ser considerado talentoso ou medíocre em 2021?
Para essa reflexão, é bom lembrar que, do dia 31 de dezembro para 1º de janeiro, muda-se apenas uma data do calendário. Apesar de muitos acreditarem, erroneamente, mas com muita esperança, que tudo vai se resolver e melhorar com essa troca de ano, o poder de transformação está, na verdade, nas atitudes de cada um – aliás, uma das principais características apreciadas pelas empresas. E a autogestão da carreira definirá não apenas o presente, como, também, o futuro dos profissionais no mercado de trabalho. Nesse caso, as iniciativas, a forma com a qual ele lida com as pessoas, o poder de engajamento e de entrega dos resultados continuarão a definir quem mantém a empregabilidade ou quem estará desempregado em breve.
Além disso, está mais claro do que nunca que de nada vale somente ter um título, mesmo que seja da Universidade Harvard, se o indivíduo não possui empatia, escuta ativa e uma liderança sustentável. Aqui, reforçando que sustentabilidade nos negócios vai muito além do meio ambiente: diz respeito ao modo como os colaboradores, fornecedores e parceiros são tratados, a compliance, à governança e à ética. Sem falar de tantos outros atributos que deveriam ser básicos, porém ainda são usados para distinguir o ótimo do medíocre: resiliência, comunicação, persuasão, gestão de conflitos, adaptação ao novo, incluindo à tecnologia, só para dar alguns exemplos.
Do estagiário ao presidente de qualquer porte da organização – familiar, nacional ou internacional –, terão destaque apenas os talentos, ou seja, aqueles que se moldam de acordo com o tempo, das novas necessidades de mercado e de suas habilidades. São profissionais que se desafiam a serem melhores hoje do que foram ontem e, sobretudo, que não tenham medo da mudança. Como diria Albert Eisntein, “a vida é como andar de bicicleta. Para ter equilíbrio, é preciso estar em movimento”. Assim, evidentemente, os que saíram e sairão à frente serão sempre aqueles que, mesmo diante das piores adversidades, criam novos caminhos e têm novas ideias, conseguem pensar de forma criativa e desenvolver novos produtos, novas soluções e se apropriar do melhor da tecnologia, da inteligência artificial e, particularmente, dos indivíduos. Afinal, por mais tecnológica que seja uma empresa, é por meio das pessoas que se obtêm os resultados.
Por fim, discute-se tanto sobre propósito, felicidade no trabalho, legado, espiritualidade, compliance, capitalismo consciente, diversidade e tantos outros temas mais atuais do que nunca. Então, o profissional precisa saber o que quer da vida, seja no âmbito pessoal, seja na carreira. Para ter essa clareza, é vital se conhecer, o que pode ser acelerado por uma terapia ou um processo qualificado de coaching. Dessa forma, é mais fácil ter essa clareza a respeito de quais são suas principais competências e habilidades (soft skills), que pontos ainda precisam ser melhorados e, especialmente, o que deseja da vida. Quando alcançamos esse autoconhecimento, é exatamente quando assumimos o controle das nossas ações – ou o tão falado protagonismo. Portanto, para aquelas pessoas que projetam um 2021 diferente e mais produtivo, esse é o caminho a seguir.