“Contra o mundo reversível e as ideias objetivadas. Cadaverizadas”, escreve Oswald de Andrade no Manifesto Antropófago, publicado em 1928, e que ecoa os ventos trazidos pela Semana de Arte Moderna de 1922. A partir dessa premissa e para celebrar criticamente os cem anos do que é considerado o marco simbólico do Modernismo brasileiro, a poeta, compositora e performer Beatriz Azevedo apresenta no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, no dia 29 de julho, às 20h30, o show com as músicas do álbum “antroPOPhagia”.
A apresentação, que integra o programa O Modernismo em Minas Gerais, contará com a participação do cantor e compositor Moreno Veloso, amigo e parceiro da artista, e também do ator e diretor Zé Celso Martinez Corrêa, do Teatro Oficina de São Paulo, que canta com Beatriz, entre outras canções, a música “Egoísta”.
“antroPOPhagia” traz o repertório do primeiro álbum ao vivo de Beatriz Azevedo, gravado no palco do Lincoln Center, em Nova York. As músicas que compõem a apresentação no Palácio das Artes foram criadas a partir da obra de poetas modernistas, como Oswald de Andrade (“Erro de Português”, “Cânticos dos Cânticos” e “Relicário”), Raul Bopp (“Coco de Pagu”), dentre outros. Integram ainda o show, as parcerias com Moreno Veloso (“Canto”) e Vinícius Cantuária (“Alegria”). Beatriz também leva ao público arranjos antropófagos de standards de Cole Porter (“What is This Thing Called Love”), Kurt Weill (“Speak Low”), e uma releitura de “Insensatez”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.
Para Beatriz Azevedo, o conceito de antropofágico é mais do que atual e traz em seu corpo questões urgentes da contemporaneidade. “A antropofagia inverte a perspectiva de tempo, como se o futuro nos atravessasse no presente e ressignificasse o passado. Nesse momento de caos político, em pleno século XXI, ainda imperam as forças retrógradas do patriarcado contra o matriarcado libertário”, explica Beatriz.
Além do repertório de “antroPOPhagia”, Beatriz e Moreno Veloso apresentam em primeira mão algumas canções do próximo disco da dupla. Intitulado “Clarice Clarão”, a obra é uma homenagem a Clarice Lispector.
A banda que performa no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes é formada por Beatriz Azevedo (voz e violão), Moreno Veloso (violão, voz, prato), Marcelo Costa (bateria e percussão), Gabriel Loddo (contrabaixo, cavaquinho, clarinete) e Antonio Guerra (piano, teclados, acordeom).
O show “antroPOPhagia” integra a programação do programa O MODERNISMO EM MINAS GERAIS, que até o fim deste ano realiza inúmeras ações para celebrar o movimento considerado o mais pungente de nossas artes. Esse Programa foi viabilizado por meio do Fundo Especial do Ministério Público de Minas Gerais (FUNEMP), uma parceria inédita estabelecida para viabilizar a difusão, a pesquisa e a reflexão sobre o Modernismo em Minas Gerais, na ocasião do Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, bem como ampliar e fortalecer os processos de democratização do acesso à produção cultural no estado. O programa O Modernismo em Minas Gerais é financiado com recursos do Fundo Especial do Ministério Público de Minas Gerais (FUNEMP) e executado por meio do Contrato de Gestão com a APPA Arte e Cultura.
BEATRIZ AZEVEDO
Multiartista brasileira radicada em Nova York, Beatriz Azevedo é poeta, performer, diretora, cantora e compositora. Sua prática artística mistura as linguagens da música, do teatro, da performance, da literatura e do audiovisual. É doutora em Artes Cênicas e mestre em Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP). É pesquisadora de Pós-Doutorado na UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, estudou Música na Mannes College of Music em Nova York e Teatro e Dramaturgia na Sala Beckett, em Barcelona. Beatriz Azevedo colaborou com Maria Bethânia, Tom Zé, Cyro Baptista, Jaques Morelenbaum, Moreno Veloso e Vinicius Cantuária, além do diretor tropicalista do Teatro Oficina, Zé Celso Martinez. A artista já se apresentou amplamente em todo o Brasil, Europa e Estados Unidos. Nos últimos anos, atuou no MoMA Museum of Modern Art em Nova York e no Lincoln Center. É autora de Antropofagia Palimpsesto Selvagem (Cosac Naify, 2016) com prefácio de Eduardo Viveiros de Castro e desenhos do artista Tunga; Transmatriarcado de Pindorama em Modernismos 1922-2022 (Cia das Letras, 2022); Antropófago Manifesto in Antropofagias: um livro manifesto!: Práticas da devoração a partir de Oswald de Andrade (Peter Lang publishers, Berlim, 2021); Abracadabra (Demônio Negro, 2019) com prefácio de Zé Celso Martinez Corrêa, Idade da Pedra e Peripatético (Editora Iluminuras).
O MODERNISMO EM MINAS GERAIS
O Modernismo como trajetória histórica e cultural é fonte rica e inesgotável: deve ser vivenciado, revisitado, apreciado e preservado. Com essa premissa, o programa O Modernismo em Minas Gerais reconstitui a trajetória do movimento artístico mais marcante do século XX no Brasil.
O projeto percorre o núcleo modernista formado em Minas Gerais, principalmente Belo Horizonte, a partir da década de 1920 e evidencia a participação dos mineiros no movimento e suas contribuições em nível nacional. O programa pretende fazer com que o público entre em contato com as contribuições dos artistas nas mais diversas expressões e linguagens culturais, bem como as consequências do movimento nos mais variados domínios da arte.
Entre os destaques da programação, estão: Ciclo de Debates, Saraus Modernistas, Espetáculos Musicais, Mostra de Cinema, lançamento de longa-metragem documental, Espetáculo de Dança, Concertos Sinfônicos, Mostra Fotográfica, Espetáculo Teatral e Publicações. A programação acontece até o fim deste ano nos espaços do Palácio das Artes.