Preocupar com os idosos está cada vez maior no quesito segurança residencial. Viver em uma casa estruturalmente mais segura, para aqueles que estão a maior parte do tempo nela, nessa fase da vida, é primordial para proporcionar mais bem-estar e comodidade, além da segurança, é claro. Junto a isso, a decoração dos ambientes do lar também é importante ser pensada nesse processo de adaptação estrutural.
Como dito, os idosos passam grande parte da vida dentro de suas residências, já que, com o avançar da idade, algumas limitações físicas começam a ser reais e constantes. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 70% dos acidentes de queda que ocorrem com pessoas da terceira idade acontecem dentro de casa. Conseguinte, estar dentro de um ambiente devidamente decorado promove maior satisfação de viver ali. Além do planejamento para prevenir acidentes, a decoração de cada cômodo trará a junção ideal às pessoas de mais idade: segurança e conforto visual e emocional. Isso também vale para casas que serão construídas do zero – não apenas as que serão reformadas.
Decidiu reformar ou construir? O que fazer agora?
É importante salientar que essas alterações estruturais, para que sejam de fato úteis e usuais, dependem da idade, nível de mobilidade e locais em que o idoso circula normalmente dentro da residência. Para decorações, não há essa regra. Em qualquer idade e condição física, o cômodo com a decoração certa proporcionará o contentamento ideal e almejado, principalmente no espaço em que ele permanece por mais tempo.
Estímulos sensoriais
A arquiteta Germana Lara, especialista em neuroarquitetura, da Larc Arquitetura, empresa especializada em projetos residenciais e comerciais, dá dicas gerais de como melhor decorar casas que vivem moradores da terceira idade. “É importante trabalhar estímulos sensoriais nos idosos, por exemplo. O aumento da consciência sensorial também suporta o processamento de informações e aumenta a conscientização sobre o ambiente em geral.” O que isso significa? “O uso de cheiros na casa, através de aromatizadores, por exemplo vi, remetem memórias afetivas”, responde a arquiteta.
Germana também comenta que revestimentos por meio de faixas nos corredores estimulam o toque e ajudam a guiar os caminhos da casa. “Dá para fazer com uma estética bem bonita. Vai ajudar no estímulo sensorial e guiá-lo.”
Para a arquiteta, a sugestão é evitar um aspecto hospitalar dos ambientes, com cores muito brancas e revestimentos de igual cor. O ideal é trazer madeira para o espaço. Móveis em madeira são melhores, pois é possível fazê-los sem quinas vivas, que machucam. “Estimular o visual também é bem-vindo. Fotos que tragam memórias.”
Em suma, uma boa arquitetura deve propiciar ambientes acolhedores, seguros e que respeitem a autonomia e a história dos moradores.
Iluminação
É muito importante atentar à iluminação. “É possível, inclusive, regular o ciclo circadiano do idoso – variação nas funções biológicas que se repete regularmente com período de aproximadamente 24 horas. É comum idosos dormirem muito durante o dia e ter insônia durante a noite. Uma solução é deixar luzes com maior temperatura de cores neutras nas áreas sociais. Não pode ser luz branca. Nos quartos, luzes mais amarelas para dar maior conforto e não inibir a produção de melatonina”, explica.
Germana ainda acrescenta que se deve instalar pontos de luz nos corredores e locais de circulação intensa. “Além do teto, é importante uma iluminação direcional que auxilie o morador na locomoção noturna quando, por exemplo, ele acorde durante à noite para beber água. Essa cautela evita quedas e batidas inesperadas. Uma dica importante: sensores de iluminação, que por detectar a presença do residente, otimiza a vida dos idosos.”
Tapetes
Os tapetes são fáceis de provocarem quedas e acidentes, apesar de serem ótimos itens de decoração. Diante disso, é recomendável evitar tapetes soltos nos cômodos, porque eles causam escorregões. Porém, seu uso não precisa ser desconsiderado. A utilização de materiais, medidas e posicionamentos adequados já ajudam, e muito, na prevenção dessas quedas. Fixar parte de um tapete grande sob móveis e com fitas adesivas antiderrapantes são boas dicas de segurança.
Nos cômodos
Banheiro: em banheiros, o piso não pode ser escorregadio. O mais indicado é ser antiderrapante. A nível de decoração, o porcelanato tem de ser com acabamento natural. Barras de apoio na ducha e no sanitário ajudam no equilíbrio. Podem ser feitos esteticamente bonitos.
Sala: o principal e mais utilizado móvel, o sofá, precisa ser mais firme e duro, para que a coluna do idoso permaneça ereta durante todo o tempo sentado. Isso não quer dizer que seja um sofá simples e menos bonito. Muitos sofás nessas características são bem apresentáveis.
Quarto: por ser um dos espaços mais utilizados pelos idosos, colchões e camas têm de ser adaptados a cada perfil físico e anatômico da pessoa. A instalação de uma cabeceira, além de ser um item decorativo, agrega conforto para o idoso apoiar as costas quando estiver sentado na cama. Como mencionado pela especialista, criados-mudos de madeira devem ter cantos arredondados e com altura igual ou pouco acima do colchão para evitar batidas.
Cozinha: bancadas e mobiliários sob medidas são os mais recomendáveis para apresentar alturas específicas relacionadas à altura do idoso, garantindo o acesso pleno a eles. Sobre as cores, a preferência são as claras, pois facilita encontrar objetos. Tal como no banheiro, por se tratar de uma área molhada, piso antiderrapante é o indicado para evitar quedas. Inclusive, esse tipo de piso não perde a beleza do ambiente, se bem escolhido.
Para os idosos que possuem mobilidade reduzida, portas e demais espaçamentos dos corredores e cômodos devem ser maiores, se possível, para melhor deslocamento com cadeira de rodas e muletas. Por fim, no Brasil, a expectativa de vida tem aumentado constantemente, o que significa maior número de pessoas idosas vivendo mais. Vivendo mais e sozinhos, inclusive. Daí a importância de uma casa adaptada e estrategicamente decorada para que essa existência seja com mais qualidade de vida.
Fonte: Germana Lara é arquiteta e há 15 anos está à frente do escritório Larc Arquitetura em Belo Horizonte (MG). Sua equipe desenvolve projetos residenciais com objetivo de realizar os desejos e sonhos de seus clientes com excelência, além de projetos comerciais focados no público e propósito das empresas.
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