O crescimento sustentável do agronegócio no Brasil é apontado como uma das principais características do desenvolvimento deste mercado nos últimos 40 anos. De 2002 a 2022 o PIB agrícola do país teve um salto de US$ 120 bilhões para US$ 500 bilhões, o que equivale a todo o PIB da Argentina.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que em 2023 o Brasil deva se estabelecer como o terceiro maior produtor de grãos do mundo, superando a marca de 300 milhões de toneladas comercializadas, ficando atrás apenas da China e Estados Unidos.
Este cenário coloca o agronegócio entre os mercados mais promissores para investidores pessoa física, que além de contarem com bons rendimentos, ainda contribuem para o desenvolvimento do setor e, consequentemente, do País ao aplicar empresas que fomentam o agronegócio em diversos aspectos como produção, infraestrutura, tecnologia entre outros.
“Antigamente, só era possível investir no agronegócio comprando terras ou gado. Hoje em dia, as formas de investimento são bem mais sofisticadas, possibilitando ao investidor apostar em empresas que contribuem para o desenvolvimento do setor com os produtos e serviços que fornecem, e com possibilidades interessantes de ganhos”, diz Gabriel Lago, sócio fundador da The Hill Capital, escritório de investimentos vinculado ao banco Btg Pactual que tem se especializado, entre outras áreas, nos investimentos sobre o agronegócio.
Lago explica que atualmente é possível investir em empresas fomentam alta tecnologia aplicada ao agronegócio, como inteligência artificial e metaverso, por exemplo. “O fato de o Brasil ter um clima tropical favorável o ano inteiro, e com grande expansão territorial tanto para o plantio como para a pecuária, torna o país um dos principais produtores do mundo, abastecendo o mercado interno e externo em grande escala, o que fortalece esse mercado, consequentemente oferecendo um bom retorno a seus investidores”, afirma.
Há diversas possibilidades de investimento nesse setor, a começar pelo CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio), que são títulos de renda fixa que têm lastros nos negócios de produtores ou cooperativas rurais, que envolvem financiamentos ou empréstimos relacionados à produção, comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos e insumos ou até maquinários utilizados na agropecuária.
Segundo Gabriel Lago, a principal forma de investimento no setor é por meio de fundos de Agro e ou Renda Fixa que financiam o desenvolvimento do agronegócio. Ele diz que ainda são poucas as empresas de capital aberto na Bolsa de Valores (B3) que possibilitam o investimento em ações, apontando que isso também significa que há um grande espaço a ser conquistado nessa modalidade de investimento. Ele prevê um aumento de empresas na B3 a partir do próximo ciclo de baixa de juros.
O especialista diz que há investimentos de alto, médio e baixo risco, relativamente proporcionais às possibilidades de ganhos, como em qualquer forma de aplicação financeira. “Os Fundos de Private Equitys, que captam recursos para investir em novas empresas, que estão começando a atuar no agronegócio, podem ser considerados os de maior risco, e se enquadram classe de investimentos alternativos”, descreve, explicando que nessa categoria, o investidor aposta em ideias e projetos, que se alcançarem sucesso, alavancam grandes rendimentos, por isso, são fundos de longo prazo, normalmente entre 7 e 10 anos.
A forma mais conservadora de investimento é por meio de LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), emitidas pelos bancos para captarem fundos para empréstimos a empresas do setor agro. A diferença é que para os investidores, a garantia são os bancos e não os negócios financiados por essas instituições financeiras. “A vantagem desta forma de aplicação é a isenção de Imposto de Renda para pessoa física”, diz Lago.
Os investidores que adquirem debentures de empresas de infraestrutura também ficam isentos do pagamento de Imposto de Renda. Gabriel Lago explica que essa é uma forma de o Governo compensar essas pessoas por utilizarem seus recursos para investir, por exemplo, na construção de ferrovias que favoreçam o transporte de produtos agrícolas, contribuindo para o desenvolvimento do setor, sem que esses recursos precisem ser providenciados diretamente pelo poder público.
“Outro grande diferencial do investimento em agronegócio é que além das promissoras possibilidades de rendimento, há um valor agregado, tanto para a pessoa física como jurídica de contribuir para do crescimento do setor e, consequentemente para o desenvolvimento do País”, finaliza.