As bebidas destiladas, a cerveja e o vinho possuem o mesmo tipo de álcool: o etanol. Por isso, o Movimento Doses Certas lançou uma campanha com objetivo de promover informação educativa e transformadora para o público adulto e saudável que opta por beber. Na prática, significa combater mitos e fake news que rondam as bebidas alcoólicas e causam prejuízo à saúde pública e à economia, tirando competitividade do setor e aumentando a formação do mercado ilegal. A ideia principal é mostrar que “Álcool é Álcool” e que o que importa mesmo é a quantidade absoluta de consumo do indivíduo e não o tipo da bebida ou seu teor de percentual alcoólico.
Com apoio de entidades representativas do setor, como a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) e o Instituto Brasileiro de Cachaça (Ibrac), o Doses Certas desmistifica a falsa ideia de que existem bebidas fortes e fracas de forma didática: imagine uma mesa de bar com três amigos. Um está bebendo 330 ml de cerveja, a um teor alcoólico de 4%; o outro está bebericando 100 ml de vinho tinto, a 12%; e o terceiro saboreia 30 ml de uísque, a 40% de teor alcoólico. Mesmo sendo bebidas diferentes, os três amigos estão ingerindo, cada um, a mesma quantidade absoluta de álcool: 10 gramas, aproximadamente.
Sendo assim, não importa o tipo de bebida e não existe uma “mais forte” do que a outra, já que o que varia mesmo é a quantidade total ingerida de etanol por pessoa. A campanha, que se baseia no mote central de que “Álcool é Álcool”, pretende abrir os olhos dos consumidores e trazer o conceito de Dose Padrão, norteado por uma medida de 10 gramas de álcool, que ajuda a estabelecer uma referência da quantidade absoluta da substância.
A própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) defende que 10g é a porção padrão para efeito de rotulagem nutricional de alimentos. Em nível global, a Organização Mundial de Saúde (OMS) também já chegou a recomendar a dose padrão de 10 a 12 gramas de álcool, sugerindo até três doses para homens e duas doses para mulheres, com pelo menos dois dias de intervalo sem consumo na semana.
“A percepção equivocada de que existe uma bebida mais forte do que a outra ou ainda, bebidas frias e bebidas quentes, está enraizada no imaginário popular e traz consequências negativas para todos. Álcool é álcool e entender isso ajuda o consumidor a fazer melhores escolhas e a regular o mercado de forma isonômica, tanto no âmbito regulatório, quanto no tributário”, explica Eduardo Cidade, presidente da ABBD.
Informação transforma
Para a especialista Jessica Durán, uma das autoras do livro “Dose Padrão: uma ferramenta para o combate ao consumo nocivo de álcool”, a dose padrão de álcool – quantidade de etanol presente em qualquer tipo de bebida, medida em gramas – é um instrumento eficaz para a prevenção do consumo nocivo de bebidas alcoólicas. Usando o México como referência, país com características semelhantes ao Brasil, ela considera o consumo nocivo nas situações:
• O consumo feito por menores de idade.
• O consumo excessivo de álcool – superior a 3 doses diárias para mulheres e 4 para homens, sendo cada dose padrão correspondente a 13 gramas de álcool puro.
• O “consumo explosivo”, ou seja, beber as doses rápido demais.
• Combinar álcool e direção de veículos, incluindo bicicletas e patinetes.
• Misturar bebidas com remédios; o consumo de álcool por pessoas com enfermidades crônicas, como câncer e diabetes.
• O consumo de bebidas ilícitas, que nutrem o mercado informal e são acessíveis às pessoas mais vulneráveis.
Por ser um parâmetro de referência, adotado internacionalmente, a dose padrão oferece uma métrica de comparação única para estudos regionais e globais sobre o consumo de álcool. Isso torna possível avaliar hábitos e culturas locais e realizar comparações entre regiões de um mesmo país ou até entre países.
Além disso, o estabelecimento dessa referência ajuda na elaboração de políticas públicas eficazes para evitar o uso nocivo do álcool, tanto em nível local quanto global.