Marcelo Arone é headhunter e especialista em empresas que passam por processo de transformação e profissionalização. Há 12 anos atua com recrutamento e seleção pra alta liderança, C-Level e Conselhos. Em 2015 tornou-se Sócio Fundador da OPTME RH. Durante sua carreira já entrevistou mais de 9000 profissionais e contratou aproximadamente 350 pessoas pra mais de 100 clientes em diferentes segmentos.
Se o início de 2020 ficou marcado como um período letárgico, onde boa parte das empresas não sabiam como agir por conta do início da pandemia agora, mais do que nunca, viveremos a “tempestade perfeita” para os profissionais que se destacam em suas respectivas organizações.
Com o volume de trabalho remoto acima do que se esperava as habilidades que ganharam ênfase no mercado de trabalho de quase 1 ano e meio pra cá não são detectadas no CV. Sim, fomos testados dia e noite mentalmente e fisicamente pra dar conta de tudo. Casa, família, trabalho, equipe, etc… passaram a fazer parte do cotidiano.
Ano passado, as mudanças que ocorreram, em sua maioria, foram substituições pontuais ou trocas já planejadas antes até do COVID-19. Notamos, desde o final de 2020 (mesmo ainda com a segunda onda do vírus) que as contratações passaram a ser pra ganho de performance efetivamente, ou mesmo uma nova posição que não existia anteriormente.
O esgotamento mental dos colaboradores, somado a essas novas demandas por profissionais e ocorrendo em paralelo com a volta ao escritório dará o tom da “dança das cadeiras” no restante do ano. Historicamente, o mercado de trabalho no Brasil se antecipa as tendências do cenário econômico. Sejam elas positivas ou negativas. E agora, fica a percepção de que se o pior já passou o momento de buscar “gente boa” é latente.
Os fatores todos nós sabemos: Projeção do PIB acima do esperado, alta das commodities no mercado global, vacinação em massa junto ao público mais economicamente ativo. E esperem um 2022, ao menos no primeiro semestre, tão ou mais aquecido ainda. Em ano eleitoral as empresas planejam 80% das contratações na primeira metade do ano.
Em suma: Nos próximos 12 meses imaginem um jacaré (não o da vacina, mas você mesmo como profissional) com a boca aberta. Esperando a melhor oportunidade de sua carreira pra “abocanhar”. Vai acontecer, só mantenha seu CV atualizado e seu telefone ligado.
A dica nesse momento: Surfem a onda! Empresas ou profissionais. Entendam a real motivação das pessoas a médio e longo prazo e não somente pro agora. Empresa com cultura forte e clima positivo contrata gente que quer deixar uma marca ou um legado na carreira. Não avaliem somente o CV ou as experiências do passado.
Tente projetar o futuro com seus novos colaboradores. O mundo mudou e vai mudar ainda mais. Essa nova geração de líderes que estão sendo formada não coloca o “holerite” como principal fator decisório numa movimentação. Não é incomum que pessoas troquem de emprego sem um aumento efetivo no salário. Não se procura somente emprego hoje em dia.
Melhorem e humanizem quem conduz a empresa. No pós pandemia as pessoas valorizam detalhes de gestão e skills humanos do líder que não era tão perceptível antes. Com o Home Office, que fatalmente se manterá nesse novo modelo híbrido idealizado pro futuro, a cultura organizacional que entra em nossa casa e não o inverso.
Recentemente fizemos um levantamento na OPTME entre Outubro/2020 e Abril/2021 e constatamos um aumento de 230% nas contratações pra alta liderança comparado ao mesmo período antes da pandemia. Na absoluta maioria que participou dessa pesquisa conosco as habilidades buscadas pelas empresas, clientes e parceiros não eram técnicas. Temas como diversidade, ESG e Sustentabilidade também já fazem parte do vocabulário do (a) líder moderno (a).