O Brasil é um dos três países a ser reconhecido em 2023, ao lado de Cingapura e Gana, como os que mais avançaram no cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6, voltado para água e saneamento. O país está acima da média mundial (73%), cobrindo 86% da população. Já o acesso aos serviços de saneamento básico atendem 49% da população brasileira.
Estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2015, o ODS 6 é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento, tendo como redação oficial: “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável de água e saneamento para todos”. A agenda, estimada até 2030, contempla oito metas relacionadas ao acesso e qualidade da água.
Embora esteja abaixo da média global (57%), as últimas duas décadas foram marcadas por avanços no setor – eram 36% em 2000. Somente a proporção de efluentes tratados no país saltou de 43% em 2009 para 59% em 2020, graças à construção de 900 estações de tratamento (ETEs) no período.
Para Fernando Silva, CEO da PWTech, startup reconhecida pela ONU como uma referência no acesso à água potável em crises humanitárias, os avanços nos indicadores brasileiros são frutos de ações concretas do Estado e da conscientização da população, mas ainda têm muito o que melhorar.
“Hoje, há uma necessidade de investimento de R$ 45 bilhões por ano para a universalização dos serviços básicos no país até 2033. Caso o Brasil alcance a sua população total nos próximos anos, o rendimento do país vai alcançar R$ 1,4 trilhão em benefícios socioeconômicos. O gasto com infraestrutura e saneamento básico é algo necessário não somente para a melhora na qualidade de vida, como para o desenvolvimento dos setores de serviços, turismo e imobiliário,”, diz o especialista.
O acesso à água é reconhecido como um direito humano pelas Nações Unidas, mas, no Brasil, cerca de 33 milhões de brasileiros vivem sem água tratada e 94 milhões não têm acesso à coleta de esgoto, segundo os últimos dados divulgados pelo Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (Snis). A região mais afetada é o Norte, com apenas 13,1% da população com acesso à rede de coleta de esgoto. No Sudeste, o percentual salta para 80,5% da população coberta e, no Centro-Oeste, 59,5%. No sul, o esgoto tratado não chega a metade da população (52,6%) e no Nordeste falta para 69,7% das pessoas.
Com a universalização, a valorização imobiliária alcançaria R$2,4 bilhões por ano, ou R$48 bilhões por ano. Esse valor foi calculado tomando por referência a evolução anual do estoque de moradias de 2021 a 2040 e a valorização esperada com as melhorias das condições de saneamento. Na saúde, é esperado um rendimento de R$ 25,1 bilhões, com um ganho anual de R$ 1,25 bilhão. “Além dos déficits sociais e econômicos, as temperaturas elevadas têm impacto direto na infraestrutura de saneamento, principalmente em relação aos sistemas de tratamento de água e esgoto, que sofrem com a redução da eficiência e capacidade de lidar com a demanda crescente durante períodos de calor intenso. É preciso olhar para o todo e buscar soluções que impactam positivamente a população, em diferentes áreas e condições do país”, finaliza Silva.