Em 2007, os artistas Lonneke Gordijn e Ralph Nauta criaram o DRIFT, na Holanda. Desde então, eles vêm desenvolvendo esculturas, instalações e performances que colocam pessoas, ambiente e natureza na mesma frequência. Suas obras sugerem ao público uma reconexão com o planeta e poderão ser conferidas gratuitamente entre 14 de junho e 07 de agosto, no CCBB SP.
Usando a luz como um dos elementos básicos de construção de sua arte, a dupla explora as relações entre humanos, natureza e tecnologia de forma simples e ao mesmo tempo profunda, conferindo aos visitantes a oportunidade de vivenciarem obras que tocam em elementos essenciais da vida na Terra. De acordo com Alfons Hug, curador da mostra, ao colocar a luz como elemento central de suas composições artísticas, o DRIFT “aponta para a ociosidade da vida cotidiana e a futilidade da atividade humana”. O curador afirma ainda que a luz, no DRIFT, “nos faz pensar no mundo de hoje, mas também em nossas origens, pois esta luz vem de longe e contém um vislumbre do passado remoto”.
RACIONALIDADE
Marcello Dantas, curador da exposição ao lado de Hug, explica que existe uma racionalidade por trás das obras do DRIFT, que é a possibilidade da natureza e da tecnologia viverem em harmonia. “Seja pelo mundo biônico, seja pelo conceito de animismo, em que todas as coisas – animais, fenômenos naturais e objetos inanimados – possuem um espírito que os conecta uns aos outros”.
O “animismo” em DRIFT significa, por exemplo, transformar um robô numa flor, revelando o encontro entre “a projeção que fazemos das coisas e aquilo que elas potencialmente podem ser”, complementa Dantas. “Ao estudar os seres vivos e tentar emular artificialmente seu comportamento, passamos a criar uma escuta e uma linguagem que, em alguma dimensão simbólica, podem ser sincronizadas”.
Um dos destaques da mostra é Shylight (algo como “luz tímida”, se traduzido para o português). Trata-se de uma escultura hipnótica que se abre e se fecha, numa fascinante coreografia que mimetiza o comportamento de flores que, durante a noite, se fecham, numa medida de proteção e de economia de recursos. Se grande parte dos objetos feitos pelos homens tendem a ter uma forma fixa, o projeto do DRIFT, neste caso, é recuperar a ideia de que, na natureza, tudo está em constante metamorfose e adaptação. Assim, os objetos animados ganham a força de expressar, caráter e emoção.
CAMPANA
Na passagem por São Paulo, a exposição contará com a exibição inédita da obra Cadeira Banquete, criada em parceria com o Estúdio Campana, dos irmãos e designers Humberto Piva Campana e Fernando Piva Campana.
A peça desconstruída ganhará a forma de blocos sugerindo reflexões sobre sua funcionalidade.
Cadeira Banquete integra a série Materialism, composta também por Fusca Volkswagen: uma escultura pesada que comprime, em blocos, todos os materiais secos que compõem um carro – no caso, um Fusca. Assim, os materiais ganham uma forma condensada, instigando a imaginação sobre o papel humano na transformação da natureza.
Fragile Future procura fundir natureza e tecnologia em uma escultura multidisciplinar de luz. Temos, aqui, uma visão utópica e crítica do futuro do nosso planeta, em que duas formas de evolução aparentemente opostas realizam um pacto de sobrevivência. Circuitos elétricos tridimensionais, de bronze, ficam conectados a sementes da planta dente-de-leão, que emitem luzes.
Trata-se de uma escultura com forma potencialmente infinita, que pode crescer ou encolher, dependendo do espaço que ocupa. Para a construção, a dupla recorreu a sementes que, uma a uma, receberam luzes de LED, num processo artesanal que resiste aos métodos de produção em massa e à cultura do descarte.
A escultura Ego, pensada inicialmente para compor o cenário da ópera Orfeu, representa a rigidez da produção da humanidade e o quanto é importante que essa produção se torne fluida, para que não colapse. A obra questiona o quanto nossas esperanças, verdades e emoções são resultado direto da rigidez ou da fluidez de nossa mente. Um bloco de fibra de náilon oscila, graças à ação de oito motores e um algoritmo pensado especialmente para a obra.
Também fazem parte da exposição as peças Amplitude, Franchise Freedom, Coded Nature, Drifters, Dandelight e Making of DRIFT, uma instalação com peças que mostra uma espécie de “making of” do trabalho da dupla. Para a construção dessas obras monumentais, os artistas comandam uma equipe multidisciplinar de 64 pessoas, com um estúdio em Amsterdã e outro em Nova York.
EXPANSÃO
As obras de DRIFT marcam também a primeira mostra no CCBB São Paulo a ocupar, além das galerias tradicionais do edifício criado pelo arquiteto Hippolyto Pujol Junior, um novo anexo com 300 metros quadrados imediatamente à frente do CCBB. “É uma expansão que reforça nossa característica de espaço cultural, de encontros, reflexões e memória”, descreve Claudio Mattos, Gerente Geral do CCBB. De acordo com o executivo, “a iniciativa corrobora com a transformação do centro histórico da cidade”.
Studio Drift – Vida em Coisas tem curadoria de Alfons Hug e Marcello Dantas e após a passagem por São Paulo percorrerá os CCBBs Belo Horizonte e Brasília. O patrocínio da mostra é do Banco do Brasil e da BB Asset Management, com produção executiva da MADAI ART. Ingressos disponíveis em bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB SP.
SERVIÇO :
Exposição: Studio Drift – Vida em Coisas
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Data de abertura: 14 de junho
Funcionamento: todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças-feiras
Ingressos gratuitos: disponíveis em bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB SP.
Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.
Informações: (11) 4297-0600
Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas – necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Transporte público: O Centro Cultural Banco do Brasil fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista.
Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).
Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h às 21h.
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