Marcelo Arone – Fundador da OPTME, especializada em recrutamento e seleção para empresas 100% brasileiras e de médio porte, Marcelo Arone é formado em Comunicação e Marketing pela Faculdade Cásper Líbero, com especialização em Coach Profissional pelo Instituto Brasileiro de Coaching, com 18 anos de carreira em empresas nacionais e multinacionais. Já atuou na área de comunicação de empresas como Siemens e TIM, e no mercado financeiro, em empresas como UNIBANCO e AIG Seguros. Pelo Itau BBA, tornou-se responsável pela integração da área de Cash Management entre os dois bancos liderando força tarefa com mais de 2000 empresas e equipe de 50 pessoas. Desde então, se especializou em recrutamento para posições de liderança em serviços, além de setores como private equity, venture capital e empresas de Middle Market, familiares e brasileiras com potencial para investidores. Já entrevistou em torno de 8000 candidatos e atendeu mais de 100 empresas em setores distintos.
Empresas que já tinham cultura de trabalho remoto, bem como processos bem definidos para que o dia a dia não fosse tão impactado, largaram na frente. Isso faz toda a diferença. E essa é a correlação que queremos fazer com o setor de novas contratações, em um cenário pós Coronavírus: o planejamento e a previsibilidade serão as duas palavras-chave.
Assim como aconteceu com a MP 927, que já foi revogada, governo e empresários estão em busca de alinhamento e de soluções entre empresas e funcionários, para tentar mantendo ao máximo o equilíbrio e ajustar as expectativas de acordo com cada cenário. Acredito que teremos por aí um contorno diferente das relações de trabalho, a partir de uma nova perspectiva. A grande questão é que é preciso se reinventar para ser impactado de maneira menos brusca pela crise do Coronavírus.
Obviamente, neste mês e, possivelmente, no próximo, ao que tudo indica, salvo casos bem pontuais, alguma contratação irá ocorrer. Talvez um processo que esteja avançado, uma substituição já planejada ou uma oportunidade de trazer alguém que esteja disponível no mercado. Mas, antes de se ter certeza sobre como o vírus irá se comportar em solo brasileiro, durante nossa meia estação de outono (onde os picos de resfriados ocorrem), as contratações, em sua maioria, deverão provavelmente, assim como nós, ficar em quarentena (nesse caso – 40 dias mesmo e não 14).
A partir do momento em que a previsibilidade do cenário aumenta (e isso envolve, sim, saber tomar os riscos na medida certa), as empresas que rapidamente conseguirem repor os talentos nas áreas chave largarão na frente (lembram de quem já tinha o plano de fazer home office antes do COVID-19?). Teremos, talvez, pouco mais de um semestre para fazer o ano e ninguém corre atrás do prejuízo se estiver com algum “buraco” de talentos.
Em consultorias de recrutamento que possuem um modelo digital e tecnológico de seleção, o contato social é zero. Ou seja, não haverá risco algum de contágio. Você pode ter as pessoas certas, para o momento certo, antes do avião decolar novamente. Aos mais céticos que questionam não somente possíveis contratações, mas demissões, lanço uma reflexão: cuidado com o custo duplo de precisar demitir e, em pouco tempo, contratar novamente.
Temos alguns exemplos que, historicamente, nos trouxeram aprendizados, mas, para ficar somente com um caso recente, voltemos a 2009: após um contexto também globalizado de preocupação e pânico nas economias mundiais, muitos, na ânsia de reduzir custos, olhando somente para o curto prazo, fizeram demissões em massa, lembram?
Quando a famosa previsibilidade passou a ser favorável, correram para disputar os melhores profissionais novamente. Resultado: salários inflacionados, custo de adaptação para uma nova pessoa na equipe e alguns meses até que os novos profissionais se integrassem com a cultura do grupo. Isso quando seu concorrente não foi mais rápido que você e contratou seu ex-funcionário, já treinado, e levando para ele boa parte de sua expertise e conhecimento.
Quem deixar para fazer isso somente após o cenário definido e não previsível, corre o risco de levar mais alguns meses até achar e integrar os talentos corretos pra empresa. Aí, estaremos provavelmente em 2021 e, literalmente, terá se perdido o timing adequado.
Se temos, no curto prazo, previsibilidade quase nula do que irá ocorrer, no médio e no longo prazo sabemos que essa tormenta passará. Mitigar os impactos de tudo isso na vida dos colaboradores mostra se as empresas valorizam ou não o ser humano acima de tudo. E isso nos torna melhores como pessoas. Tenho certeza de que, se você leu até o final esse texto, como pessoa física ou pessoa jurídica, irá se transformar em alguém muito mais preparado e evoluído depois que esse momento se encerrar.