A taxa de transmissão do novo coronavírus voltou a crescer no Brasil. Segundo dados do Imperial College de Londres,divulgados em novembro é a maior taxa de transmissão desde maio. Novas medidas restritivas estão sendo avaliadas por estados e municípios, o que diretamente pode voltar a afetar os negócios e o mercado.
O comportamento do consumidor mudou desde o início da pandemia, mas uma possível segunda fase com restrições alerta as empresas, principalmente as voltadas a serviços e comércio propõe novos desafios, aos microempreendedores individuais (MEI) e donos de pequenas e médias empresas. Muitos tiveram e estão tendo que se adaptar para manter seus negócios financeiramente saudáveis e de portas abertas – mesmo que atendimento focado no online.
“Muitos clientes estão evitando ir ao comércio, mas a necessidade de consumo continua. Para os empreendedores sobreviverem ao momento atual é fundamental criar novos canais de venda para que continuem faturando e, também, reduzam custos”, comenta Lina Maria Useche Jaramillo Kempf, diretora executiva e cofundadora da Aliança Empreendedora, que capacita e apoia gratuitamente microempreendedores formais e informais em comunidades e periferias do Brasil.
Confira seis dicas que podem ser aplicadas para continuar seus negócios em meio a um período de crise:
Entender os custos do negócio
Saber o custo dos produtos ou serviços é o primeiro passo. “Antes de querer cortar despesas e saber o que pode ser ajustado é fundamental saber e entender o estoque dos produtos e o fluxo do caixa do negócio. Em tempos de crise saber qual é ponto de equilíbrio e buscar meio de chegar nele pode auxiliar”, comenta Luci Vieira, coordenadora de projetos da Aliança Empreendedora.
Para isso é fundamental fazer planilhas de registro de vendas, despesas, estoque, a receber e a pagar. Confira algumas dicas que podem ajudar o seu negócio no canal do Tamo Junto, no YouTube.
Ajuste na produção e modelo de negócio
A pandemia causou queda na procura de alguns produtos e aumento de procura por outros. Ajustar a produção e adaptar o seu modelo000 de negócio – com novas metas, ações claras e enérgicas e acompanhamento de indicadores como fluxo de caixa – para se adaptar ao mercado pode ajudar a superar momentos de crise.
Revisar contratos com fornecedores
Ao ajustar a produção o empreendedor pode identificar quais os contratos de fornecedores que podem ser revisados, evitando com que o cumprimento do contrato acabe prejudicando o negócio.
Por exemplo, durante os últimos nove meses algumas cidades fecharam o comércio por um período. Neste cenário muitos contratos de aluguel e condomínio em prédios, lojas e shoppings foram renegociados.
Negociar com os fornecedores também pode ser uma alternativa. “Para uma negociação bem-sucedida, é importante ter em mente que o objetivo deve ser sempre encontrar o melhor cenário para você e o seu fornecedor. Evite entrar em um clima de disputa com ele, pois isso afeta a relação entre vocês e compromete o resultado final”, comenta Luci. A coordenadora também ressalta que é fundamental fazer um bom planejamento e fazer pesquisa de mercado.
Investir em vendas online, delivery e vendas antecipadas
Investir em presença digital dos negócios, oferecendo vendas online e entregas em domicílio, é uma alternativa para ficar próximo dos clientes e até mesmo conquistar um novo mercado. Muitas plataformas como Facebook oferecem espaços como o Marketplace.
As vendas antecipadas também são uma opção. Ofereça para os seus clientes fidelizados, por exemplo, um desconto para um serviço que você vai entregar após o período que exige mais cuidados com a pandemia. “Tanta antecipar a venda com desconto, se você fechar uma manicure você ganha uma pedicure”, exemplifica Vieira.
Linhas de créditos especiais para microempreendedores
A busca por crédito nem sempre é uma tarefa fácil para os pequenos negócios, ainda mais em períodos como o atual, quando a procura aumenta. “Na hora de pegar um empréstimo é importante considerar os tipos, taxas, juros, requisitos, parcela, prazo, etc. O ideal é pegarmos empréstimo para coisas que vão nos dar um retorno. Assim vamos conseguir gerar o dinheiro necessário para pagar o empréstimo”, afirma Vieira.
É possível conseguir empréstimo em programas governamentais, agências de fomentos, organizações sem fins lucrativos, bancos, instituições de microcrédito, fintechs, cooperativa de crédito e até mesmo o cartão de crédito. Algumas destas instituições pode ter linhas de crédito específicas como porte da empresa, gênero e raça.
Buscar capacitação e oportunidades para microempreendedores
A Aliança Empreendedora, organização que auxilia empreendedoras de comunidade, este ano já capacitou 16.500 pessoas e a projeção é capacitar mais de 30 mil, número quase 100% superior ao registrado no ano passado. Um reflexo disso é a plataforma TamoJunto.org.br, que é projeto da instituição, e teve 46 mil novos acessos de março até outubro.
Lina explica que com a crise provocada pela pandemia, muitas pessoas buscaram novas alternativas de renda e muitos negócios tiveram que se adaptar. “Estimamos que 26% dos microempreendedores ainda estão na informalidade, estão desconectados do ecossistema que pode apoiá-los. E é aí que nosso trabalho entra, apoiando esses microempreendedores a se empoderarem e se reconhecerem como tal, para assim se conectarem com as oportunidades que existem para eles”, afirma.
Atualmente a iniciativa, em parceria com o Facebook, está capacitando mulheres empreendedoras, por meio do programa Ela Faz História. O curso gratuito, que é composto por videoaulas interativas, aborda Educação Financeira e busca fomentar a participação das mulheres na economia digital. A inscrição pode ser feita na plataforma Tamo Junto, acessando o link: http://www.tamojunto.org.br/elafazhistoria.
Os módulos do programa incluem temas como metas financeiras, precificação, plano de negócios, planejamento financeiro, estratégias de negócios, tecnologia aplicada a finanças. Como parte do conteúdo, haverá um componente com informações sobre fontes de microcrédito para microempreendedoras do Brasil, a fim de facilitar o acesso ao crédito.
As empreendedoras também terão acesso a mais dois cursos: um curso sobre como usar as redes sociais e as mídias digitais para impulsionar seus negócios; e outro com foco em formalização, incluindo os conceitos para obtenção de CNPJ, emissão de nota fiscal, custos e taxas, além de orientação para que as mulheres avaliem quando é necessário buscar ofertas de crédito do mercado e como obtê-las.