Victor Soares, cofundador e CEO da Metha Energia
Os países estão falhando com o Acordo de Paris e as mudanças climáticas estão aí para provar. Os eventos climáticos extremos que temos visto nos últimos anos acenderam o alerta da humanidade. Então, iniciamos uma corrida rumo à descarbonização da economia mundial, com grande pressão sobre os países do G20, do qual o Brasil faz parte. Isso significa que cresce, também, a pressão para que as empresas zerem suas emissões de carbono. Uma das principais estratégias que as empresas brasileiras vêm usando para mitigar suas emissões é investir em energia limpa.
De acordo com a pesquisa “Sustentabilidade e Liderança Industrial” da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no último ano, 47% das empresas que procuraram financiamento público ou privado tinham como motivo o investimento em energias renováveis. Com relação à prioridade máxima entre as diversas práticas sustentáveis, 20% responderam ser o uso de fontes renováveis de energia, ficando atrás somente da redução de geração de resíduos sólidos (21%).
A procura pelos Certificados Internacionais de Energia Renovável (IRECs) também não para de crescer, basicamente dobrando a cada ano. Segundo a projeção do Instituto Totum, em 2023 o Brasil deve chegar à emissão de mais de 40 milhões de IRECs; até março deste ano, já foram transacionados 11 milhões de certificados. Em 2022 foram 21,8 milhões, em 2021, 9,2 milhões, e em 2020, 4 milhões.
Esses certificados são de extrema importância para as empresas comprovarem suas boas práticas, não apenas ao governo e aos parceiros comerciais, mas também aos consumidores, que cada vez mais cobram que os produtos e serviços que utilizam sejam sustentáveis. A Localiza, por exemplo, recentemente anunciou que ampliou em 50% seu uso de energia limpa em suas agências de aluguel, lojas de carros seminovos e operações. O engajamento de corporações como a Localiza é substancial para apontar os rumos do mercado e “puxar” empresas menores.
Outro fator para o crescimento do uso de energia limpa pelas empresas é a segurança jurídica que elas encontram no segmento de geração distribuída (GD) – que já era a opção mais econômica. Em fevereiro de 2023, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a regulamentação da Lei 14.300, que estabelece um marco legal para a micro e minigeração distribuída de energia no país, o que tornou essa opção ainda mais atrativa.
Mais confiantes no mercado e dispostas a quebrar padrões não sustentáveis, temos visto, por exemplo, as empresas buscarem opções de consumo de energia limpa. À frente da Metha Energia, startup que conecta usinas de energia renovável ao consumidor final, apenas em 2022, deixamos de emitir mais de 20 mil toneladas de carbono, e continuaremos trabalhando, dentro e fora do setor de energia, com todos que contribuem para zerarmos as emissões globais.
Aos que ainda estão relutantes, meu recado é: não se enganem. Passamos da fase em que ser uma empresa sustentável era “bacana”. Em breve, ser sustentável se tornará uma obrigação.