Bárbara Nogueira é diretora, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos, com escritórios em São Paulo e Belo Horizonte. Ao longo de sua carreira, já avaliou mais de cinco mil executivos de alta gestão, selecionando para clientes em toda a América Latina.
O mundo se transformou em um curto espaço de tempo, especialmente devido à pandemia do novo coronavírus, que afeta a todos globalmente. Temos nos transformado a uma velocidade recorde, em meio a tantas mudanças, seja no âmbito profissional, seja pessoal. Isso nos faz refletir sobre nossa evolução e nossos aprendizados até aqui. Em tão pouco tempo, as pessoas mudaram suas ações, forma de pensar, gastar e repensaram, inclusive, valores e crenças. No que diz respeito ao trabalho, boa parte das empresas tem conseguido se reinventar de inúmeras formas e mudar o modus operandi, forçadamente ou não.
Algumas empresas, por exemplo, instituíram o antigo home office, algo que era um receio em muitos casos, tanto pelos entraves jurídicos governamentais para essa implementação, quanto pela postura de controle dos funcionários. Com a pandemia, foi necessário realizar uma mudança cultural repentina, e a digitalização foi colocada em prática nas empresas, sem pedir licença. Aquelas que não estavam preparadas tiveram que sair da “zona de conforto” e se reinventar rapidamente, uma vez que era a única forma possível para manter as entregas aos seus clientes.
O trabalho remoto, via plataformas digitais, naturalmente reforçou a parceria e o comprometimento dos profissionais na grande maioria dos casos. A forma de liderar as equipes também foi alterada, exigindo novas competências e habilidades ainda mais fortalecidas. Em muitos momentos, foi importante ter mais agilidade nas decisões, confiança e menos burocracias. Além disso, a maneira de comunicar foi otimizada e se tornou mais assertiva e objetiva. Até mesmo a estruturação do plano estratégico de curto, médio e longo prazos ganhou força dentro das organizações, assim como as práticas voltadas para a responsabilidade social.
De outro lado, a vida pessoal foi “virada de cabeça para baixo”. Mas algumas mudanças relacionadas ao período de isolamento social tendem a permanecer, como as transformações na forma de conviver em sociedade, de consumir, o cuidado com o próximo, o verdadeiro valor do abraço, do beijo e das relações presenciais com as pessoas que amamos. Como seres humanos, “abrimos nossa mente” e ampliamos nosso nível de consciência sobre questões mais profundas: sustentabilidade, minimalismo, coletivo, solidariedade e empatia.
Com a crise, ainda foi possível desenvolver novas habilidades relativas à inteligência emocional, gestão do tempo e da rotina, foco, feedbacks e gestão remota, dentre outras. Esse é um processo de evolução contínua e é fundamental usá-lo a nosso favor. No que tange à tecnologia, mais do que nunca as pessoas e organizações devem se apropriar positivamente do digital, das plataformas e ferramentas online para ampliar os negócios, gerar relações, construir novos mercados, elaborar treinamentos, inovar e buscar estar à frente das tendências. A educação à distância é outro ponto que ganhou um destaque jamais visto, quebrando outro pré-conceito cultural.
Enfim, o ser humano tem uma capacidade tão grande de se transformar e se movimentar em busca de evolução, que é essencial usar esse período de desafios para se fortalecer e continuar crescendo. A adaptação já é uma das competências mais exigidas de agora em diante. Vale ressaltar que a mudança deve ser de dentro para fora. As empresas e pessoas que estão preparadas para essa realidade conseguem utilizar esse período para se desenvolver e avançar os negócios.