Quando ouvimos a palavra meme hoje em dia, logo nos vêm à cabeça gifs animados, montagens fotográficas e vídeos engraçados que “pipocam” nos whatsapps e feeds de redes sociais. No entanto, o conceito surgiu atrelado a outro significado. Em 1976, em seu livro chamado “Gene Egoísta”, o renomado biólogo Richard Dawkins cunhou o termo para definir tudo aquilo que se transmite através da repetição, como hábitos e costumes, dentro de uma determinada cultura.
Para explicar de maneira simples e clara o conceito, a mestre em neuromarketing, especialista em mídias sociais, produtora de conteúdo e fundadora da Like Marketing, Rejane Toigo, usa a metáfora computacional. “Se o ser humano fosse um computador, o cérebro seria o hardware e os memes seriam os softwares, programas que fazem as pessoas agirem de acordo com um determinado padrão de comportamento”, explica. Assim, segundo a mestre em neuromarketing, pensamentos, sentimentos, ações e escolhas humanas, derivariam todos de um conjunto de memes.
Tendo em vista esta definição, Rejane ressalta o papel relevante que o meme desempenha na área do marketing digital. Tão importante, segundo ela, que estimulou o surgimento da engenharia memética, ciência que se preocupa em entender como os memes se propagam, sobretudo no meio digital. “Sim, porque as ideias (memes) se espalham de uma forma mais rápida no meio digital. Na verdade, elas se alastram”, enfatiza.
Conforme a especialista em mídias sociais, memes são, basicamente, ideias que moldam comportamentos e ditam tendências e o conteúdo transmitido através do marketing, nos meios digitais, nada mais é do que uma ideia cujo objetivo é guiar a atenção dos consumidores até os produtos. “Assim, o papel do conteúdo transmitido pelo marketing, via redes sociais, é funcionar como meme na raiz da definição desenhada pelo cientista Richard Dawkins, ‘infectando’ o maior número de pessoas para inserir novos comportamentos e modificar os antigos através da propagação de uma ideia”, afirma.
A mestre em neuromarketing explica que a publicidade é profícua em usar os chamados memes associativos – memes que se ligam a outro memes que já foram assimilados pelo indivíduo. Para isso, conforme Rejane, é de grande valia a memória. “É através dela, que o profissional do marketing abre uma brecha na mente do consumidor para introduzir o chamado metameme, um meme que cola e ‘reinfecta’ um meme que preexiste”, declara.
A fim de ilustrar o funcionamento do metameme, Rejane toma como exemplo um anúncio publicitário de uma marca de hambúrguer. “Toda vez que o consumidor vê o alimento na campanha ele automaticamente sente vontade de ingeri-lo porque já possui o meme deste comportamento em sua mente”, comenta. Conforme Rejane, a pessoa já sabe como é saborear aquele alimento, porque já foi ‘infectada’ pela memória daquela sensação, então seu cérebro está programado para repetir esta sensação no momento em que se depara com o anúncio. “Aproveitando-se dessa associação, a publicidade introduz ao consumidor a marca que deseja vender”, diz.
Rejane explica que se utiliza o verbo infectar quando o assunto é meme por conta do programador, inventor do Microsoft Word e autor norte-americano, Richard Brodie. No livro de sua autoria “O vírus da mente”, ele compara o meme a um vírus capaz de infectar a mente e levar o ser humano a se desvirtuar de seus objetivos. Isto ocorre porque o meme atua em nível inconsciente. “Nós não temos consciência de que somos ‘infectados’ por ideias que, de fato, pertencem a um determinado grupo do qual fazemos parte. Essas ideias ensejam tipos de sentimentos, pensamentos e comportamentos iguais aos desses grupos”, esclarece a especialista em mídias sociais.
Dessa forma, segundo Rejane, inteirar-se a respeito do funcionamento dos memes é a melhor maneira de escolher de modo consciente. “Conhecendo mais a fundo o assunto, o indivíduo torna-se apto a selecionar de maneira mais cautelosa os memes que deixará entrar em sua mente, aderindo a eles conscientemente e não apenas por replicação do comportamento do grupo no qual está inserido por contaminação memética”, explica.