A primeira exposição da Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas, que completa 10 anos de funcionamento neste ano de 2023, será com cerca de 20 obras do artista mineiro Manuel Carvalho. Intitulada “Memória não é história”, a mostra, aberta para visitação entre 16 de abril e 2 de julho, tem curadoria de Catarina Duncan e expografia da arquiteta, cenógrafa e iluminadora Sara Fagundes de Oliveira.“É crucial que nesse momento da carreira, sua obra [de Manuel Carvalho] possa ser vista de maneira ampla e consolidada, reconhecendo tantos anos de dedicação e pesquisa”, afirma a curadora. A exposição tem patrocínio do Instituto Unimed-BH e a classificação é livre. A Galeria de Arte é pública e fica aberta de terça a sábado, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 11h às 19h. A Galeria de Arte fica no Centro Cultural Unimed-BH Minas, na rua da Bahia, 2.244, no bairro de Lourdes.
“O título da exposição [Memória não é história] de certa forma contrapõe o que chamamos de a era da informação, da ideia de coleta de dados, de hiperconectividade”, explica o artista Manuel Carvalho, mineiro da cidade de Lavras que conta com quase 20 anos de carreira. Catarina Duncan, curadora da exposição, diz que o título veio a partir de algumas obras do artista. “Esse conceito se apresenta na série Anacoluto em que o artista investigou o arquivo mineiro e se deparou com muitas imagens e lacunas de informação. O título nos lembra que nem sempre o que nos é contado é o que aconteceu de fato na história”, observa.
A comunicação é uma personagem da mostra e é a partir dela também que se apresentam os questionamentos da exposição. “Sempre penso em situações em que se cria um abismo na comunicação entre as pessoas em que as palavras já não funcionam mais para chegar a um certo acordo. As histórias que cada pessoa projeta sobre as outras partem de uma memória que é sempre dinâmica”, observa o artista. Manuel levará para o público a discussão de como as memórias e histórias se perpassam e se confundem. “É sobre a relação que temos também com a ideia de verdade. Como as pessoas constroem seus discursos, suas pesquisas e muitas das vezes se utilizam de documentos (memória física) para recriar suas histórias como uma maneira de provar alguma coisa”, atesta Manuel.
Estarão na Galeria de Arte cerca de 20 pinturas em grandes dimensões escolhidas pela curadora Catarina Duncan. A maior parte das obras são da série Anacoluto, que foram criadas de 2014 até o momento. “Chegamos a quase 30 obras, foi um processo importante de celebrar e refazer associações da obra do artista. A princípio, a exposição teria apenas a séria Anacoluto, mas aos poucos fomos identificando a importância de associar esse trabalho a outras séries, tanto mais antigas quanto mais recentes”, conta Catarina. A curadora explica que a linha curatorial da exposição se deu por meio de trocas com Manuel. “Durante alguns meses, acompanhei o processo de trabalho de Manuel e essa relação definiu e encaminhou as decisões curatoriais, a seleção de obras e a expografia”, diz.
O artista deseja que suas obras proporcionem ao visitante o desejo da criação. “Gostaria que as pessoas, a partir de minhas obras, possam vivenciar uma experiência e estejam abertas para contemplar a exposição. Adoro sair de uma exposição com sentimento de ser capaz de fazer algo, qualquer coisa que seja, com uma certa animação, seja da ordem que for, não necessariamente algo positivo e afirmativo, mas com o corpo ativo”, atesta. Catarina quer que o espectador se “sinta potencializado pela obra, compreenda as dimensões estéticas e poéticas para que possamos seguir questionando como narramos nossas próprias histórias e como as narrativas que acatamos são construídas”, conclui.