A crise gerada pela pandemia do novo coronavírus impôs severas restrições e transformou a rotina da sociedade brasileira. Imersas em uma nova rotina, diversas famílias estão se desdobrando para conciliar as novas tarefas domésticas, do trabalho, da vida escolar dos filhos, além de lidarem com a pressão emocional. Entre os fatores que geram stress associados à condição do isolamento, estão a ansiedade, o excesso de informação e os medos de infecção, morte e da parte financeira.
Nesse contexto, a prática do mindfulness, também conhecido como “atenção plena”, pode ser um dos caminhos para manter a saúde mental em tempos de incerteza. A indicação parte da instrutora de yoga da Casa Gaia e professora de Alfabetização Nutricional do Colégio Santo Agostinho Contagem, Lulia Dib, que recorre à técnica desde os 13 anos. “O mindfulness contribui para que os praticantes voltem as atenções ao momento presente, em vez de ocupar a mente com situações do passado ou expectativas futuras”, explica.
Segundo a especialista, a prática da atenção plena é amplamente utilizada em escolas e escritórios, indo um pouco além da meditação. “O ato de meditar busca esvaziar a mente e exige um lugar silencioso, sem estímulos, para o exercício da atividade. No entanto, o mindfulness pode ser incorporado em qualquer situação do cotidiano, incluindo as mais adversas, pois propõe uma conexão com o agora no momento que for necessário e, por isso, não precisa de um lugar específico.”
Lulia explica que, em casa, as pessoas são bombardeadas por vários estímulos com potencial distrativo, como celular, televisão, filhos, animais de estimação e muitos outros. Portanto, o desenvolvimento da atenção plena é uma solução poderosa para sair do modo mental de “piloto automático” e, também, ampliar a capacidade de concentração, foco e disciplina. “O mindfulness nos traz para o presente e aumenta o foco durante a execução de qualquer atividade. Logo, a produtividade também melhora e sobra mais tempo livre para dedicar atenção à família ou atividades de lazer”, analisa.
A especialista assegura que qualquer pessoa pode se dedicar à prática, incluindo crianças, e que não há nenhum tipo de restrição, mas acredita que a maior dificuldade é se desconectar dos fatores externos. “Uma das formas de superar tal barreira é mover algumas partes do corpo, como as mãos, e observar as sensações do movimento ou repetir algumas palavras-chave para atrair energias, como, por exemplo, “eu sou amor”, em momentos de raiva.” Outra prática útil para quem está começando é conferir atenção plena à respiração. “Observe o ar que entra, quando preenche os pulmões e quando sai”, orienta.
Segundo Lulia, a internet conta com vários conteúdos de instrução para incorporar a prática em atividades corriqueiras, mas alerta que é necessário procurar cursos e instrutores certificados pelo Instituto de mindfulness no âmbito nacional ou regional. “Isso garante que o conteúdo programático do curso está alinhado com a metodologia internacional”, finaliza.
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