O público acaba de ganhar uma boa notícia para o fim de ano já que o MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal retoma as atividades presenciais com uma ação muito especial: a inauguração da exposição “CoMciência – Cristais do Tempo”, no dia 08 de dezembro. Desta vez a ocupação dos espaços expositivos do MM Gerdau com arte, ciência e tecnologia teve como tema proposto aos artistas “Cristais do tempo: emergências nas fissuras do presente”. A definição de um futuro a partir de um presente demasiadamente complexo nos leva a refletir que é necessário pensar um tempo mais propositivo, reconstruindo nossa proposta de humanidade e coletividade, sendo a arte e a tecnologia meios legítimos para isso.
Para isso, os curadores do edital Tadeus Mucelli e Alexandre Milagres selecionaram 09 (nove) obras inscritas no Edital “CoMciencia”, que inspiram e refletem o momento que vivemos, modificam nossa relação com o tempo presente, mudam nossa percepção com os outros, com o planeta, com o visível e o invisível, e, sobretudo, com as memórias que construímos e compartilhamos. A exposição é o resultado de um edital que recebeu 269 inscritos dos 06 continentes do mundo, sendo 20 % de inscrições estrangeiras e 75% de propostas inéditas. “Abrimos uma chamada artística corajosa, tanto no recorte curatorial e na proposta dos trabalhos, quanto na relação com o momento que o mundo vive pela pandemia do COVID-19. Devido ao recorte digital e a possibilidade de criação artística ainda mais alinhada, conseguimos um resultado incrível que se apresenta de forma mais internacional, presencial e virtual, em meio ao processo de abertura dos espaços expográficos do Museu com todo os cuidados necessários”, aponta Alexandre Milagres, um dos curadores do edital e da exposição.
A mostra materializa a proposta do edital de fomentar um debate ao apresentar obras criadas e pensadas a partir do convite e da provocação artística de se construir questionamentos e reflexões para mudarmos o mundo em que estamos vivendo, para que seja possível viver um futuro distinto. O edital conquistou um crescimento representativo em relação a primeira edição, realizada em 2019, chegando a receber inscrições de 28 países, além de projetos de artistas de 17 estados das 5 regiões brasileiras.
Dentre todos os trabalhos selecionados, 03 (três) deles ocuparão presencialmente o espaço expositivo do museu: “Reflexion: In Sync / Out of Sync”, da colombiana Claudia Robles-Angel; “Vegetal Reality Shelter (VRS)”, do brasileiro Guto Nóbrega; e “Emancipacíon Microbiana”, da mexicana Maro Pebo. Já no espaço virtual wwwprogramacomciencia.org.br, o público poderá visitar mais 06 (seis) obras que integram a exposição, sendo três delas de artistas brasileiros – “Estrelas no Deserto”, de Felipe Carrelli; “obs-cu-ra”, de Bruno Alencastro; “O Ceú na Terra”, de Luciana Ohira e Sérgio Bonilha – e outras três de artistas internacionais: “Untangling Noises of Matter”, do holandês Louise Braddock Clarke; “Silver Tree: the sounds of wind through the crystalline forest”, “Saturn’s Breath” e “Think Like a Mountain”, da australiana Penelope Cain; e “The universe according to Dan Buckley”, do canadense Roberto Santiaguida.
A exposição “CoMciência – Cristais do Tempo” pode ser conferida às quintas e sextas, das 16h às 20h; e nos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h.
DESTAQUES
Dentre os destaques presenciais, a obra “Reflexion: In Sync / Out of Sync” da artista colombiana Claudia Robles-Angel convida o público a confrontar sua própria capacidade de sentir empatia pelo outro. O conceito principal da obra é baseado em pesquisas que apontam que nossos batimentos cardíacos podem ser sincronizados, aprofundando a percepção dos outros, na interação entre os indivíduos e seu impacto em suas respostas fisiológicas, baseados em conceitos do psicólogo Michael Richardson. Para isso, a instalação presencial coloca duas pessoas sentadas frente à frente, rodeadas por uma estrutura leve com fios eletroluminescentes e som em tempo real, além de terem sua frequência cardíaca medida por meio de sensores de pulso aplicados ao dedo de suas mãos. Quando os dois participantes não compartilham a mesma frequência cardíaca, a instalação está fora de sincronia e o som fica dissonante. Já quando as frequências são sincronizadas, a instalação reage em estado “In-Sync”, com um som agradável e harmônico.
Outro destaque da Exposição CoMciência é a obra do brasileiro Guto Nóbrega, intitulada Vegetal Reality Shelter (VRS), um sistema imersivo criado com base em sons e imagens da natureza e na interação com plantas. Este trabalho é fruto de uma vivência na Floresta Amazônica organizada pelo LABVERDE, ocorrida durante os 10 dias do programa de residência artística na Reserva Florestal Adolpho Ducke. Trata-se de um pequeno domo imersivo (abrigo) com base na geometria de guarda-chuvas. Contém um pequeno sistema hidropônico com plantas, seis canais de áudio e projetor de vídeo, combinado ao espelho esférico para projeção em domo. No interior desse abrigo, plantas são monitoradas quanto à resposta galvânica de suas folhas quando interage com o visitante. Os dados monitorados nas plantas são utilizados para modificar a paisagem sonora e imagens da floresta em formato espelhado. A ideia desse “abrigo de realidade vegetal” é criar um sistema que permita ao visitante uma experiência virtual da natureza a partir de imagens e sons. Algo que remetesse à dimensão da floresta e o efeito que ela exerce sobre nós quando a adentramos. Contudo, trata-se também de um diálogo mediado com uma planta, posto que esta é o principal mediador desta experiência, que ocorre a partir da presença do visitante dentro do domo.
Descritivo das obras que integram a “Exposição CoMciência – Cristais do Tempo”::
EXPOSIÇÕES PRESENCIAIS:
– “Reflexion: In Sync / Out of SyncArtista”, de Claudia Robles-Angel (Colômbia/Alemanha)
Sobre a obra: A obra “Reflexion: In Sync / Out of Sync” é um convite ao público a sentir empatia pelo outro. Duas pessoas são convidadas a sentar-se frente à frente e, rodeadas por uma estrutura leve com fios eletroluminescentes e som em tempo real, têm sua frequência cardíaca medida por meio de sensores de pulso aplicados ao dedo de suas mãos. Quando os dois participantes não compartilham a mesma frequência cardíaca, a instalação está fora de sincronia e o som fica dissonante. Já quando as frequências são sincronizadas, a instalação reage em estado “In-Sync”, com um som agradável e harmônico. O conceito principal da obra de Claudia Robles-Angel é baseado em pesquisas que mostram que nossos batimentos cardíacos podem ser sincronizados, aprofundando a percepção dos outros, na interação entre os indivíduos e seu impacto em suas respostas fisiológicas, baseados em conceitos do psicólogo Michael Richardson.
Sobre a artista: Claudia Robles-Angel é uma artista audiovisual nascida em Bogotá, Colômbia, atualmente morando em Colônia, Alemanha, bastante atuante no mundo todo. Seu trabalho e pesquisa abrange diferentes aspectos da arte visual e sonora. Possui pós-graduação em Cinema e Animação (1992-1993) no CFP (Milão-Itália); M.F.A em (1993-1995) em École Supérieure d’Art Visuel / HEAD (Genebra- Suíça) e Arte Sonora e Composição Eletrônica na Universidade Folkwang Essen (Alemanha) com o Prof. Dirk Reith (2001-2004). Ela era artista residente na Alemanha, tanto no ZKM em Karlsruhe quanto no KHM, em Colônia. Seu trabalho é constantemente apresentado não apenas na mídia, festivais e conferências, mas também em exposições coletivas e individuais ao redor do mundo como, por exemplo, o ZKM Center em Karlsruhe; Enter3, em Praga, nas capitais europeias da cultura em Luxemburgo e na Roménia (2007), no KIBLA Multimedia Center em Maribor; no ICMC em Copenhagen, Montreal e Utrecht; no Skulpturenmuseum Glaskasten Marl, o SIGGRAPH Asia em Yokohama (2009), ESPACIO Fundación Telefónica em Buenos Aires, Festival de Música Eletroacústica de Nova York, a NIME Conference Oslo (2011), ISEA Istanbul, Manizales, Durban e Gwangju, no LEAP Space for media Art em Berlim, o Audio Festival de Arte da Cracóvia, Harvestworks Digital Arts Center de Nova York, no Nabta Art Center Cairo, Museu de Arte Contemporânea de Bogotá, em MADATAC Festival Madrid, IK Stichting em Vlissingen, ICST ZhdK Zurique, Festival de Arte Digital ADAF Atenas, Museu de Antioquia, Eletromuseu em Moscou e, mais recentemente, na estação Kunst Sankt Peter Cologne.
– “Vegetal Reality Shelter (VRS), de Guto Nóbrega (Brasil)
Sobre a obra: Vegetal Reality Shelter (VRS) é um sistema imersivo criado com base em sons e imagens da natureza e na interação com plantas. Este trabalho é fruto de uma vivência na Floresta Amazônica organizada pelo LABVERDE, ocorrida durante os 10 dias do programa de residência artística na Reserva Florestal Adolpho Ducke. Trata-se de um pequeno domo imersivo (abrigo) com base na geometria de guarda-chuvas. Contém um pequeno sistema hidropônico com plantas, seis canais de áudio e projetor de vídeo, combinado ao espelho esférico para projeção em domo. No interior desse abrigo, plantas são monitoradas quanto à resposta galvânica de suas folhas, que se altera segundo a respiração do visitante quando este entra no espaço e interage com o sistema. Os dados monitorados nas plantas são utilizados para modificar a paisagem sonora e imagens da floresta em formato espelhado. A ideia desse “abrigo de realidade vegetal” é criar um sistema que permita ao visitante uma experiência virtual da natureza a partir de imagens e sons. Algo que remetesse à dimensão da floresta e o efeito que ela exerce sobre nós quando a adentramos. Contudo, trata-se também de um diálogo mediado pelo contato direto com uma planta, posto que esta é o principal mediador desta experiência, que ocorre a partir da presença do visitante dentro do domo e o ato de sua respiração.
Sobre o artista: Carlos Augusto Moreira da Nóbrega (Guto Nóbrega) é Pós-Doutor pela UnB, linha Arte e Tecnologia do PPGAV/UnB (2019), é Doutor (2009) em Interactive Arts pelo Programa de Pós-Graduação Planetary Collegium, University of Plymouth, UK, onde desenvolveu pesquisa sob orientação do Prof. Roy Ascott. É artista, pesquisador, Mestre em Comunicação, Tecnologia e Estética pela ECO-UFRJ (2003) e Bacharel em gravura pela EBA/UFRJ (1998). É professor associado da EBA/UFRJ, onde leciona desde 1995 e professor permanente do PPGAV/UnB (2018 – atual). Fundou e atua como um dos coordenadores do NANO – Núcleo de Arte e Novos Organismos, espaço de pesquisa para investigação e criação artística. Foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais / EBA/UFRJ (2015-2017) e, atualmente, atua como representante da linha Poéticas Interdisciplinares no mesmo programa. Desde 2019, é Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 2.
– “Emancipacíon Microbiana”, de Maro Pebo (México):
Sobre a obra: A obra Emancipación Microbiana pretende tornar visível a relação profunda entre humanos e bactérias. Uma bactéria ancestral engolida por um micro-organismo foi capaz de sobreviver em simbiose, fornecendo ao hospedeiro energia e genes úteis, transformando-se em mitocôndrias. Na obra de Maro Pebo, as mitocôndrias são extraídas das células da artista e exibidas ao público em um receptáculo de admiração. A mitocôndria fora do organismo não consegue sobreviver por conta própria, o que prova nossa relação profunda com os micro-organismos. Em torno do relicário, um vídeo mostra o processo de simbiogênese, liberação e sacrifício da mitocôndria. A artista deseja enquadrar e visualizar o fato bem conhecido de que nosso relacionamento com os micro-organismos é mais profundo. As bactérias não estão apenas em toda parte, mas também de alguma forma, dentro. A vida animal e vegetal é possível graças a essa relação profundamente íntima.
Sobre a artista: Nascida na Cidade do México, Mariana Pérez Bobadilla é uma historiadora de arte e bióloga DIY, que se preocupa com as interseções entre arte, ciência e tecnologia. Ela recebeu uma Bolsa Erasmus Mundus para fazer um Mestrado em Estudos de Gênero na Universidade de Bolonha, Itália, pesquisando Epistemologia Feminista e Arte Contemporânea. Apresentou seu trabalho no ISEA, 2012, e esteve envolvida no Pavilhão Mexicano da 56ª Bienal de Veneza. Sua formação acadêmica inclui cursos com Rosi Braidotti, Magali Arreola e o curso de curadores internacionais da Bienal de Arte de Gwangju, 2014, na Coreia do Sul. Concedida pelo Hong Kong PhD Fellowship Scheme, sua pesquisa na School of Creative Media gira em torno de Arte e Biologia, Epistemologia, História da Ciência, histórias de representação em tempos profundos, Novo Materialismo, Biohacking, Wetware e bactérias. A obsessão de Maro Pebo são bactérias e outros micro-organismos e seu interesse é na tradução do discurso acadêmico em experiências reflexivas. Sua preocupação particular é produzir discurso sobre as (bio) tecnologias que moldam a vida das pessoas.
EXPOSIÇÕES VIRTUAIS
– “Estrelas no Deserto”, Felipe Carrelli (Brasil)
Sobre a obra: A obra apresenta um trabalho de co-criação do documentário em realidade virtual “Estrelas do Deserto”, que busca, por meio da divulgação da cosmovisão do povo saaraui, denunciar a situação de refúgio dessa população do Saara Ocidental desde 1975. Assim, o usuário será transportado ao universo virtual imersivo (360) da obra e dos depoimentos, em um pátio circular localizado em um dos campos de refugiados, sob uma linda noite com céu estrelado. Na sua frente, estará uma mulher saaraui, vestindo sua Melfa, preparando um chá. Ela, então, começa a contar lendas e contos sobre a cosmovisão saaraui, vinculando essas histórias à situação política e social na qual os refugiados estão submetidos desde 1975.
Sobre o artista: Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas (PPGMC / UFRJ) e co-coordenador do projeto de divulgação científica GalileoMobile, Felipe Carrelli é graduado em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar -2010) e especialista em Divulgação e Popularização da Ciência (Fiocruz – 2019). Tem experiência na área de Audiovisual com ênfase em documentário. Dirigiu e editou três documentários de longas-metragem: Ano-Luz (2015), Leila (2016) e Feijão (2018). Também atuou como editor-chefe nas produtoras Filmes para Bailar (São Paulo, 2011 – 2014) e Grão Filmes (São Paulo, 2015), além de diretor e editor na MATV (Montréal, 2016).
– “obs-cu-ra”, de Bruno Alencastro (Brasil):
Sobre a obra: obs-cu-ra é uma série de fotografias concebida pelo fotógrafo Bruno Alencastro, inicialmente, da janela do 4º andar do apartamento onde vive no bairro Copacabana, no Rio de Janeiro. De lá, a ideia de um ensaio fotográfico passou para as residências de mais 12 fotógrafos(as) brasileiros(as), também em isolamento social e dirigidos por Alencastro, que aceitaram transformar suas casas em câmeras obscuras de grande formato e capturaram a vida em tempos de pandemia. Cada qual com a sua singularidade. Conquistas e perdas. Anseios e privilégios. Medos e esperanças! Um lugar que passa a ser ressignificado por diferentes artistas contemporâneos ao redor do mundo em tempos de Covid-19. Nos dias de hoje, a janela passa a representar a fronteira e o abismo entre o mundo exterior e o interior. A liberdade e o confinamento. O resultado é um ensaio fotográfico caracterizado por uma atmosfera sombria e enigmática, tal como o indecifrável futuro, que ninguém sabe ao certo como será. Até lá, o contato com o mundo exterior segue acontecendo através dessa moldura limitada do real, a representação de uma vida em mutação. Um presente que nos faz pensar sobre o passado em busca de respostas para quando tudo isso passar.
Sobre o artista: Bruno Alencastro é especialista em narrativas visuais com experiência em fotografia, vídeo e produção de conteúdo digital. Mestre em Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, autor da dissertação “Das ruas para as redes: usos, apropriações e práticas cidadãs desenvolvidas pelos fotógrafos populares da Favela da Maré”. Professor nas graduações de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Design e Fotografia da Unisinos, entre 2014 e 2018. Em 2018, concluiu a especialização Fotojornalismo e Fotografia Social no Centro de Fotografía y Medios Documentales de Barcelona – CFD BARCELONA. De 2010 a 2018, foi repórter fotográfico nos jornais Sul 21, Correio do Povo e Zero Hora, onde também exerceu o cargo de Editor de Fotografia.
– Obra: “O Céu na Terra”, de Luciana Ohira e Sérgio Bonilha (Brasil)
Sobre a obra
“O Ceú na Terra” é uma instalação que utiliza dispositivos do cotidiano (mobiliário urbano, redes telemáticas e sistemas de vigilância) para construir pequenas áreas de descanso, dedicadas à observação de aves. A obra combina camadas físicas e virtuais, acontecendo simultaneamente em ambas. A instalação física está no campus da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMS), em Campo Grande. Fisicamente, constitui-se de um alimentador para pássaros equipado com um sistema de vídeo-vigilância, e, virtualmente, oferece uma interface de visualização das imagens obtidas pelo referido sistema. No ambiente virtual, será possível ver uma versão 3D da estrutura física da obra, porém as imagens serão geradas pela estrutura que está em Campo Grande. Assim, é possível observar pássaros silvestres, em vez de guardar a propriedade. Considerando o conceito de ‘commons’ (comum), abordado por Michael Hardt em “O Comum no Comunismo”, as aves silvestres são um claro exemplo de comum. Sendo assim, “O Ceú na Terra” propõe o questionamento de dinâmicas sociais estabelecidas pela naturalização da noção de propriedade (seja ela privada ou estatal) e pretende funcionar como um ponto de desaceleração e contato com camadas discretas da cidade, tais como o som e imagem de uma ave alimentando-se. O objetivo dos artistas é criar uma metáfora imanente do livre viver.
Sobre os artistas
Luciana Ohira (São Paulo, 1983) e Sergio Bonilha (São Paulo, 1976) são graduados em Artes Visuais e têm mestrado em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo. Sérgio tem doutorado em Poéticas Visuais, também pela Universidade de São Paulo, e leciona desde 2016 na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
– Obra: “Untangling Noises of Matter”, Louise Braddock Clarke (Países Baixos)
Sobre a obra
“Untangling Noises of Matter” é um documentário que entra no plano de um depósito de minério de ferro, onde uma geo-ferramenta projetada mapeia a paisagem artificial. Os dados magnéticos armazenados em tempo profundo são interrompidos pela escavação, extração e realocação de metais, que calibram novas coordenadas eletromagnéticas. Louise Braddock desenvolveu uma ferramenta para tornar os campos invisíveis audíveis. O filme mostra o território vivo de minério de ferro se movendo além de suas partículas físicas, em uma cacofonia de ruído e informação. Isso orienta o observador no espectro perceptivo de pássaros, que possuem sensibilidades para sintonizar essas frequências ecológicas, assim mudando suas navegações. Como um filme que documenta o movimento global do metal no planeta, do Brasil para o Holanda, as colaborações ocorreram dentro de empresas de metal privadas no Maasvlakte (Europort Rotterdam), Institutos de Ciências, Conservatórios e Museus de Minerais. Ouvindo e lendo as estruturas metálicas do nosso tempo, uma abertura ao passado, emergem filosofias presentes e futuras.
Sobre o autor
Louis Braddock Clarke trabalha como pesquisador e profissional criativo interpretando noções dos domínios da arte, geografia, física e filosofia. Através desta abordagem multidisciplinar, uma investigação experimental se desdobra mesclando teorias científicas e conceituais para materializar nos meios contemporâneos. A relação de Braddock Clarke com as artes geográficas está embutida em seus anos de formação em Cornwall, Reino Unido, onde ele foi cercado por charnecas, quoits de granito, isolinhas móveis, minas de estanho, etc. Estas energias da Terra tornaram-se fundamentais para seus métodos de pesquisa em curso relacionados com tecnologias e terrenos. Através da produção de geo-ferramentas que ele mesmo desenvolve, Braddock Clarke mede e registra superfícies antigas, atuais e futuras da Terra. O encontro de espectros de superfície e ferramentas tecnológicas são centrais para a prática artística de Louis Braddock Clarke. Seu trabalho foi mostrado em museus e galerias, bem como em sites locais específicos de armazéns, portos marítimos, topos de colinas e cinemas em todo o Reino Unido, Holanda e China.
– Obras: “Silver Tree: the sounds of wind through the crystalline forest”; “Saturn’s Breath”; “Think Like a Mountain”, de Penelope Cain (Austrália):
Sobre as obras
As obras de Penepole Cain são multimídia (esculturas e vídeos) e frutos de um projeto de pesquisa do caminho da mineração de prata, cunhada em dólares de prata espanhóis, que acabaram sendo enviados para Austrália na década de 1790, para finalidade de primeira moeda local da colônia australiana. Este dólar colonial espanhol, feito no México, da prata da América Latina, foi enviada da Índia para a Austrália para fazer uma moeda local e moeda fiduciária.
Grande parte da prata usada nessas moedas foi extraída de Potosí, na Bolívia, local do maior depósito de prata do mundo. Pó de chumbo liberado da mineração, esta prata soprou pelos Andes, sendo o chumbo, com a impressão digital isotópica única, encontrado na gálea de Potosí e detectado em amostras de calota de gelo icecores em Quelccaya, Peru, a maior calota de gelo tropical e local de extensas pesquisas climáticas. Os icecores são colunas verticais de gelo extraídas da massa de gelo. O gelo contém ar preso pela queda de neve, que é depois comprimido ao longo de anos e séculos. A atmosfera, a poeira e as impurezas do ar estão embutidas no gelo. Portanto, a mineração e a produção econômica da mina de Potosí ao longo de centenas de anos podem ser mapeadas nos níveis de chumbo detectado nessas colunas verticais de gelo de uma geleira remota a centenas de quilômetros de distância. A poética da conectividade do mundo pelos séculos, escrita em água e poeira. Essa massa de gelo glacial está encolhendo com as mudanças climáticas e a previsão é que seja totalmente perdida em 50 anos. Toda a história dessa prata e chumbo, em 2019, foi mapeada por Penelope Cain, da Austrália ao Peru, e depois até a Dinamarca, de onde os dados de chumbo de amostras de Quelccaya icecore foram analisadas. Como parte desta pesquisa, também foram mapeadas as margens ocidentais da calota polar, como teria sido entre os anos de 1798 e 1998, uma janela de 200 anos, do ano em que a moeda na Austrália foi cunhada até o ano em que o protocolo de Kyoto foi assinado. Esta linha, inscrita na terra por gelo em rochas, denota o efeito das mudanças climáticas nesta paisagem, por meio desta janela de 200 anos de atitudes, colonizações e pensamento econômico em relação ao meio ambiente.
Para finalizar sua pesquisa e mapeamento, a artista foi auxiliada por cientistas do clima e geólogos em cinco instituições ao redor do mundo, incluindo o Instituto Nacional de Pesquisa sobre Geleiras e Ecossistemas de Montanha, no Peru. As obras multimídias de Cain com vídeos e esculturas do processo pretendem apresentar também, por meio de um 3D, a representação da paisagem e o som da respiração, além do som do canto de uma canção popular tradicional quechua contra o tamanho da massa de gelo em regressão.
Sobre a artista
Penelope Cain é uma artista interdisciplinar que trabalha entre fotografia, vídeo e instalação de uma forma ampliada e de modo a contar histórias. Ela tem um MFA da University of Sydney (2016) e formação em ciência da pesquisa. Expôs e realizou projetos baseados em pesquisa em Sydney, Roma, Londres e Broken Hill. Mais recentemente, recebeu a Bolsa de Viagem Artistas do Memorial Fauvette Loureiro (2018) para realizar pesquisa de campo no Peru e na Dinamarca, documentando a paisagem antropogênica de uma calota polar em recuo. Também foi finalista do Prêmio Sulman, Galeria de Arte de NSW (2016), do Glenfiddich Contemporary Art Prize (2017) e realizou residências premiadas em Paris, Taipei, Peru e Roma.
– Obra: “The universe according to Dan Buckley”, de Roberto Santiaguida (Canadá)
Sobre a obra
No começo não havia nada. Você pode conseguir nada facilmente. A obra é um filme narrado e escrito por Dan Buckley, que abre o véu sobre as origens e o futuro do universo. Ele investiga a desordem e o deleite que proliferam no meio; os mundos e ideias que se chocam uns contra os outros e, às vezes, colidem. Uma reflexão sobre a atribuição de sentido e o afastamento de preconceitos em queda livre.
Sobre o artista
Desde que concluiu seus estudos em produção de filmes na Universidade Concordia de Montreal, os filmes de Roberto Santaguida foram exibidos em mais de 300 festivais internacionais. Ele participou de residências artísticas em vários países, incluindo Irã, Romênia, Alemanha, Noruega e Austrália. Roberto é o destinatário do K.M. Hunter Artist e bolsista da Akademie Schloss Solitude, na Alemanha.
SOBRE O MM GERDAU O MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal :: @mmgerdau
O MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, integrante do Circuito Liberdade desde 2010, é um museu de ciência e tecnologia que apresenta de forma lúdica e interativa a história da mineração e da metalurgia. Em 20 áreas expositivas, estão 44 exposições que apresentam, por meio de personagens históricos e fictícios, os minérios, os minerais e a diversidade do universo da Geociências.
O Prédio Rosa da Praça da Liberdade, sede do Museu, foi inaugurado em 1897, juntamente com Belo Horizonte. Tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA), o edifício passou por meticuloso trabalho de restauro, que constatou que a decoração interna seguiu o gosto afrancesado da época, com vocabulário neoclássico e art nouveau. O projeto arquitetônico para a nova finalidade do Prédio Rosa, que já foi Secretaria do Interior e da Educação, foi feito por Paulo Mendes da Rocha e a expografia, que usa a tecnologia como aliada da memória e da experiência, é de Marcello Dantas.
O Museu funciona de terça a domingo, das 12 às 18h, e na quinta, das 12 às 22h, entrada franca. Para além da exposição permanente, o MM Gerdau oferece uma programação diversa e para todas as idades. Todas as atividades são gratuitas.
O MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal é patrocinado pela Gerdau, via lei Federal de Incentivo à Cultura, com o apoio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM).
SOBRE OS PARCEIROS INSTITUCIONAIS
FAD (Festival de Arte Digital) é um encontro de novas tendências das artes tecnológicas. Desde 2007, o Festival de Arte Digital vem difundindo os temas da Arte através de Novas Tecnologias. Neste período, o FAD foi premiado duas vezes nacionalmente pelo Ministério da Cultura sobre a exploração inventiva de novas tecnologias no campo da arte e da comunicação. Em 2018, realizou especialmente a primeira edição da Bienal de Arte Digital, com o tema “Linguagens Híbridas”, reforçando a reflexão sobre as aproximações entre arte, ciência e tecnologia, e com a missão de, a cada dois anos, valorizar o pensamento crítico sobre os processos digitais e tecnológicos da vida e na arte.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG – é a agência responsável por induzir e fomentar a pesquisa e a inovação científica e tecnológica em território mineiro. Suas ações incluem o financiamento de projetos de pesquisa, a concessão de bolsas, parcerias internacionais, dentre outras. A divulgação do conhecimento para toda a população também está entre suas diretrizes, o que é feito por meio de projetos próprios e de parcerias, que envolvem diversos canais e linguagens. Conheça mais sobre a FAPEMIG em www.fapemig.br
A Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) é uma instituição que apoia e viabiliza projetos da UFMG e outros importantes centros acadêmicos e científicos do Brasil. Alinhada às tendências internacionais da economia do conhecimento, a Fundep é vanguarda na transformação dos saberes gerados nas universidades em produtos e serviços para o mercado. Foi a primeira Fundação de Apoio a criar uma agência para identificar, investir e desenvolver negócios inovadores de origem acadêmica – a Fundepar. Também atua há 16 edições pré-acelerando negócios com o Programa Lemonade (17a. do mundo em número de startups) e o OutLab, conectando a academia aos ambientes de negócios e inovação. No Edital CoMciência – Ocupação em Arte, Ciência e Tecnologia de 2020, a Fundep é parceira na divulgação da oportunidade a pesquisadores das áreas de arte, ciência e tecnologia e ao mercado, que assim como nós, valoriza as formas de expressão como estímulos à inspiração, criatividade e memória da potência que é a arte brasileira.
PROTOCOLOS DE SEGURANÇA
– Usar a máscara cobrindo nariz e boca;
– Medição de temperatura ao entrar;
– Pessoas com temperaturas acima de 37,8C não poderão entrar no prédio;
– Higienizar as mãos ao entrar e ao longo da visita;
– Respeitar a distância de 2 metros entre pessoas;
– Circular respeitando o percurso definido para visita;
– Respeitar a capacidade de pessoas em cada ambiente;
– Não tocar nas exposições;
– Não consumir alimentos e bebidas;
– Trazer apenas o necessário para a visita, o guarda-volumes não estará disponível;
– O elevador estará disponível apenas para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Use as escadas.
PROGRAMAÇÃO e INFORMAÇÕES COMPLETAS: http://programacomciencia.org.br/
Exposição”Cristais do Tempo” – Programa CoMciência
Data: de 08/12/2020 a 14/03/2021
Entrada Franca
Horário de visitação presencial:
– Quinta e sexta, das 16h às 20h;
– sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h;
Tradução em LIBRAS disponível para as obras virtuais que integram a exposição
A Dupla Informação
Fábio Gomides
contato@aduplainformacao.com.br
(31) 2535-0506 / (31) 99693-2767