O terceiro e último videoclipe, Ọbàtálá, do projeto Dessa Ferreira – Música Afro-Indígena Contemporânea, patrocinado pela Natura Musical, será lançado no Youtube no próximo dia 25 de maio, quinta-feira. No dia 26, sexta-feira, às 19h, haverá uma live de lançamento transmitida pela rede social da artista, tendo como convidado o músico e compositor Ìdòwú Akínrúlí.
Dirigido pelo produtor audiovisual Luis Ferreirah, Ọbàtálá, direção de arte de Vanessa Rodrigues e direção de produção de Silvia Abreu. O elenco, formado por personalidades da comunidade negra gaúcha, conta com a participação especial de uma das maiores autoridades do povo Yorùbá, Nigéria, o Araba Awo Ilobu do estado de Ọ̀ṣun, Babalawo Ifaniyi Alade Ojo, atual sumo sacerdote da cidade de Ilobu, seguindo a tradição milenar daquele povo. A música, o arranjo e a produção musical são de autoria de Dessa Ferreira e de Ìdòwú Akínrúlí, com participação de Dona Conceição. Destaca-se o coro formado por Dessa, Ìdòwú Akínrúlí, Agbage Dansaki, Gutcha Ramil e Kika Brandão.
Segundo Ìdòwú Akínrúlí, “o clipe Ọbàtálá traz uma sucessão de cenas da prática tradicional do culto ao Grande Òòṣànlá e nos faz mergulhar na profundidade do que é o Orixá Ọbàtálá, o nosso ponto inicial de vida”. Entre sons e imagens de louvor ao Orixá, do dia a dia no seu templo, festas, situações e movimentos da vida, a mensagem do enredo é o acolhimento, o cuidado com o assento cognitivo de cada um (Orí). No clipe é dito: “nossos Orixás e nossos ancestrais nunca nos abandonam, não importa quais dificuldades nos aguardem no caminho, Ọbàtálá é o Orixá que sempre nos envolve com sua luz, ele é a nossa fonte de acesso que nos leva de volta a nossa origem”.
Dessa Ferreira, é ọmọ Ọbàtálá, filha desse Òrìṣànlá que no Brasil é conhecido como Oxalá. No clipe, pode contar com sua família de Ifá do ILÉ ÀṢẸ ÒTÚRÁ RÁFÚN, tendo a sua ligação direta da família de Aṣọ́ọ̀ṣà “Aṣọ́ Òrìṣà” – o guardião de Orixás – na cidade de Ilobu de estado de Osun, Nigéria.
Para Dessa Ferreira, falar de ancestralidade africana e indígena “é fazer ecoar o que já vem sendo dito e feito, há milhares de anos, por diversos seres, é mostrar que existimos através da nossa ancestralidade”, e acrescenta: “manter formas de culto que são demonizadas por séculos, devido ao racismo religioso, é resistir diariamente e, por isso, muitas pessoas negras e indígenas deixaram de acreditar e viver da forma que nossos ancestrais viviam. Digo isso por experiência própria, pois venho de uma família negra e indígena que foi catequizada e que se afastou das suas raízes por uma questão de sobrevivência”.
Dessa Ferreira – Música Afro-Indígena Contemporânea foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio Grande do Sul (Pró-Cultura), ao lado de Cristal, Ianaê Régia, Laddy Dee e Goj tej e goj ror – As Águas São Nossas Irmãs, por exemplo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para 45 projetos até 2021, como Filipe Catto, Tem Preto no Sul, Borguetti e Yamandu, Zudizilla, Sons que Vem da Serra e Thiago Ramil. Este projeto é uma realização de Silvia Abreu Comunicação e Gestão Cultural Ltda.
O videoclipe Ọbàtálá também estará disponível em sua versão inclusiva (audiodescrição e libras), a ser lançado nas próximas semanas. Com este, fecha-se o ciclo de entregas do projeto, que inclui os vídeoclipes “Dois Mundos”, dirigido por Kaya Rodrigues, e “Folha Sagrada”, dirigido por Luis Ferreirah, já disponíveis no Youtube.
“Há 18 anos, a Natura tem sua plataforma de cultura, Natura Musical, que fomenta trabalhos de grandes nomes da música, novos artistas, projetos de fomento às cenas e festivais independentes. Para nós, esse é um projeto que enriquece esse universo de sonoridades, estéticas, referências, narrativas e processos criativos que renova a cena da música brasileira sempre tão rica e potente”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.
O projeto
O trabalho de Dessa Ferreira demarca o protagonismo negro e indígena na música e na cultura e se propõe a pensar essas duas raízes como base da formação cultural brasileira, que, devido à colonização, foi e segue sendo apagada, desvalorizada e invisibilizada. Sua produção também aborda racismo e etnocídio, bem como o apagamento das referências indígenas e negras na história da sua família, que também se reflete na história de muitas pessoas no Brasil.
Dessa Ferreira – Música Afro-Indígena Contemporânea consiste na produção de três videoclipes das faixas do álbum Pulso, primeiro trabalho autoral solo da artista brasiliense. Completa o projeto a entrega de três lives e três podcasts com convidades especiais.