Desde o início da invasão Russa na Ucrânia, em três frentes no maior ataque a um estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial, a MGID , empresa global de publicidade com sede na Ucrânia viu a sua rotina de negócios se transformar: tiveram que encerrar seus serviços na Rússia onde eram líderes de mercado, alguns funcionários tiveram que sair de sua sede em Kiev para se abrigar nos porões de abrigos no interior país ou no exterior e viram conhecidos e amigos se alistarem para o conflito militar. Mesmo com estas dificuldades, a equipe manteve o pleno funcionamento das atividades e mais importante, conseguiram intensificar o combate às fake news para ajudar o seu país no conflito.
A MGID era a empresa número um no mercado russo em publicidade nativa, e após a invasão as mídias de propriedade do governo quiseram impor à companhia o que se deveria anunciar em seus dispositivos . Para preservar a sua liberdade, a empresa então tomou a decisão de fechar seus negócios no país.
Por conta dessa situação e tentando encontrar uma forma de lutar com a Ucrânia, a empresa, em colaboração com outras do setor de publicidade, vem combatendo a propaganda patrocinada pelo Estado russo comprando anúncios que refutam as narrativas oficiais que apoiam a guerra. Quando se recusaram a atender as regulações vindas do Kremlin, imediatamente decidiram também promover o conteúdo que vinha da rádio Free Europe e da BBC. Além disso, eles publicaram uma carta aberta a parceiros e empresas de adtech pedindo a distribuição de contrapropaganda e doações para instituições de caridade ucranianas.
A MGID também conta com um sistema baseado em IA cujo o cerne do processo é usar diferentes ferramentas de moderação para combater não apenas notícias falsas, mas também outras práticas maliciosas da publicidade digital. Além dessa tecnologia, eles têm uma equipe de mais de 100 profissionais de compliance verificando manualmente todos os links que não puderam ser moderados pelo algoritmo de IA e precisam de algum processo manual de verificação, incluindo equipes locais que podem compreender perfeitamente as narrativas e contextos.
“Sabemos que 80% das questões relacionadas a fake news podem ser solucionadas se conseguimos chegar à fonte real da informação que está sendo publicada, o que pode ser algo bastante difícil de verificar. Na Ucrânia temos um editorial local durante a guerra, onde temos um conselho encarregado basicamente de controlar as notícias falsas e sempre que temos alguma dúvida em relação a um conteúdo específico ou a um tópico específico, sempre podemos enviar a solicitação e descobrir se esta informação é verdadeira ou não .”diz Sergii Denysenko, CEO da MGID.
Apesar de muito diferente da Ucrânia e mesmo do resto da América Latina, a preocupação com as fakes news no Brasil se encontra no mesmo patamar que a dos ucranianos por conta das iminentes eleições. A disseminação sem fiscalização de informações sem fontes confiáveis podem impactar muito no resultado e nos rumos da sociedade no futuro, além de gerar desconfiança, conflito e ataques de ódio a determinados grupos da sociedade. Talvez aprender com a experiência da MGID e pensar em iniciativas como a criação de uma consultoria ou órgãos profissionais que regulassem isso possa ajudar na guerra de informação que provavelmente tomará o país nos próximos meses.