A terceira edição do Mapa de Negócios de Impacto Socioambientais, a maior pesquisa nacional do mercado de impacto, traz uma visão inédita dos efeitos da pandemia da Covid-19 no pipeline. O levantamento mostra que a despeito da dificuldade de se mapear a taxa de mortalidade das empresas do ecossistema foi possível constatar que alguns empreendedores encerraram as atividades. Contudo, há uma surpresa no número de negócios que desenvolveram novas soluções para as demandas do contexto brasileiro sanitário, que funcionou como um divisor de águas do negócio: de um lado, 6% das empresas sucumbiram à crise; de outro, 52% dos negócios a vivenciaram como uma oportunidade.
“É interessante notar que 30% dos negócios de impacto socioambiental registraram queda nas vendas e 7% tiveram as faixas de faturamento reduzidas. A combinação das informações indica que as quedas tenham sido pequenas, sem alteração nas faixas. Uma hipótese é que isso ocorreu em um período do ano, e a recuperação, em outro, na sequência; ou, ainda, que se trata de expectativas de crescimento de vendas que foram frustradas pelo cenário. Vinte e cinco por cento dos negócios apontaram a dificuldade de acesso ao capital, fenômeno que já havíamos observado em outros estudos; não podemos esquecer dos desafios corriqueiros para financiar os negócios de impacto, algo que, provavelmente, agrava-se na crise”, afirma Lívia Hollerbach, uma das coordenadoras da pesquisa.
Segundo Mariana Fonseca, também coordenadora do estudo, a medida mais comumente adotada pelos empreendedores foi a de implementar novas ações de marketing e promoção do produto/serviço (25%). Em conjunto com a abertura de novos canais de venda – índice de 20%, terceira medida mais mencionada –, os dados indicam que as mudanças impostas pelos distanciamentos na forma de se vender, que beneficiaram varejistas on-line, também parecem ter ressoado entre os negócios de impacto, que buscaram inovar na forma de chegar aos clientes. “Em seguida, a redução de contas e/ou despesas administrativas, com índice de 25%, e as mudanças nos planos de expansão (18%) apontam para a maturidade dos negócios, que tomaram medidas que são vistas em toda a economia durante os períodos de crise”, detalha Mariana.
Um dos exemplos para transformar a crise sanitária em oportunidade de negócio e de impacto é o da Fleximedical – empresa de São Paulo fundada por Iseli Yoshimoto Reis, Santiago Garcia Caro Cenjor e Julia Adati. Diante das dificuldades que os cidadãos brasileiros enfrentam para acessar serviços de saúde, sobretudo os moradores em áreas rurais, a empresa transformou carretas, vans e contêineres em unidades móveis de saúde que podem comportar de consultórios médicos a salas de exames e, inclusive, centros cirúrgicos. Os empreendedores expandiram as operações, criaram produtos e adaptaram diversas unidades para atender hospitais de campanha e outros clientes.
O Mapa mostra que, assim como a Fleximedical, 80% dos empreendedores esperam crescer em 2021 – o que revela, sobretudo, o espírito desse profissional do impacto: confiante em superar mais um desafio e fazer crescer seus projetos. A resposta mais escolhida sobre os impactos da pandemia para os negócios aponta para a mesma direção: 52% disseram ter vivido a crise como uma oportunidade de desenvolver e lançar produtos e serviços para alcançar novos mercados.
A íntegra do Mapa 2021 pode ser acessada no site: https://mapa2021.pipelabo.com/