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o contrário do que muita gente acredita, o brasileiro ainda tem apego a bens — e prefere comprar a alugar, mesmo em um período de recessão. É o que revela uma recente pesquisa realizada pelo Núcleo de Marketing & Consumer Insights da ESPM – NUMA sobre o comportamento do consumidor em relação ao dinheiro. Foram entrevistadas virtualmente 577 pessoas — de menores de 18 anos a maiores de 65 anos. Desse total, 69% eram mulheres, 45% tinham entre 19 e 25 anos de idade, 72% eram solteiros e 48% não tinham renda própria.
Os participantes responderam um questionário cujo foco era o consumo nas categorias de automóveis, imóveis, aparelhos eletrônicos e celulares, acessórios de moda e roupas casuais e para eventos. Para 99% dos entrevistados, comprar aparelhos eletrônicos e celulares é melhor que alugar, 98% optam por comprar roupas casuais e 89% acessórios de moda. E 85% disseram que preferem comprar automóvel, enquanto 54% optam pela casa própria.
Há uma predisposição para comprar eletrônicos, notebooks, games, celulares e smartphones para 34% dos jovens entrevistados entre 19 a 25 anos. É o maior percentual comparado com todas as outras faixas etárias do estudo.
“Apesar do surgimento de novas modalidades de locação, ainda fica evidente a vontade da posse de bens pelos entrevistados”, diz Helder Haddad, professor e pesquisador do NUMA ESPM.
“Quase 100% nem cogita a possibilidade de alugar telefones celulares, eletrônicos e roupas casuais.”
O estudo identificou três perfis atitudinais. Os sustentáveis, ligados a marcas relacionadas à responsabilidade socioambiental, evitam o delivery para não gerar lixo com as embalagens, fazem coleta seletiva e são atraídos pela ideia do transporte público e veículos compartilhados. Os sustentáveis estão mais propensos a alugar roupas para eventos e acessórios de moda, quando comparados com os outros perfis. Na faixa entre 19 e 25 anos, 21% dos consumidores são classificados como sustentáveis.
“Apesar da orientação sustentável, não necessariamente eles abrem mão de consumir e ter a posse do bem”, diz Haddad. “Ainda existe uma diferença entre uma real atitude de comportamento e uma intenção de agir.”
Os materialistas gostam de novidades e se presenteiam quando atingem objetivos pessoais. Aceitam pagar caro por produtos quando sabem que terão uma boa experiência. Na faixa de até 18 anos de idade, mesmo sem renda própria, muitas vezes com a dependência do dinheiro dos pais, 47% dos participantes foram considerados materialistas.
Garantir uma aposentadoria e economizar para futuros imprevistos é a preocupação dos racionais econômicos. Eles pesquisam preços e estão sempre dispostos a fazer a melhor compra possível, seguindo a lógica do custo-benefício. Os racionais econômicos são maioria entre as pessoas com idades entre 36 e 55 anos, os que possuem renda mensal acima de 5 000 reais e entre os casados.
Homens Mulheres
24% Sustentáveis 25% Sustentáveis
25% Materialistas 41% Materialistas
51% Racionais Econômicos 34% Racionais Econômicos
A predisposição pela compra é evidenciada em todos os perfis, que preferem comprar a alugar. “No caso de automóvel, mais de 80% optariam pela compra de um carro. Mesmo entre os sustentáveis, apenas 20% preferem alugar. Entre os materialistas cai para 16% a predisposição para alugar um carro e para 10% entre os racionais”, afirma Haddad.