Que o saneamento básico é de extrema importância para toda comunidade, não restam dúvidas. Mas a gestão por trás desse sistema, principalmente nas grandes cidades, pode ser uma tarefa desafiadora. A falta de um programa de saneamento básico adequado pode trazer consequências graves para a população, como o acúmulo de lixo e a propagação de doenças, entre elas leptospirose, disenteria bacteriana, esquistossomose, febre tifoide, cólera, parasitoides, além do agravamento das epidemias, tais como a dengue.
Atualmente, o Brasil ocupa o 112º lugar no ranking de saneamento básico segundo o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável – CBDS. Porém, dentro do país, algumas cidades têm procurado mudar esse cenário, como é o caso de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Em março de 2021, o Instituto Trata Brasil divulgou a lista das cidades brasileiras com o melhor saneamento básico. Nessa lista, Uberlândia voltou a ocupar a posição de terceiro lugar, ficando atrás apenas de Santos-SP e Maringá-PR. Além disso, Uberlândia se manteve no topo da lista como o melhor saneamento básico de Minas Gerais.
Esse posicionamento acontece devido ao forte investimento aplicado no setor. De acordo com professor de Engenharia Ambiental e Sanitária da Uniube Uberlândia, Moisés Keniel, o município investiu, nos últimos anos, na ampliação da oferta de água potável à população por meio da implantação do sistema Capim Branco. Além disso, investe ainda na ampliação das redes de abastecimento, redes de drenagem e redes de coleta de esgoto.
“Atualmente os loteamentos na cidade são aceitos apenas com a implantação de 100% de redes de abastecimento, coleta de esgoto e de drenagem. Existem ainda trabalhos voltados à adequação dos efluentes industriais e comerciais aos parâmetros residenciais (PREMEND)”, explica o professor.
Além do tratamento de efluentes líquidos, a cidade conta também com aterros sanitários, devidamente implantados, programas relacionados a movimentações de solos, principalmente na terraplanagem, e controle na produção e destinação de resíduos da construção civil.
O papel da universidade
É importante lembrar que esse bom resultado não é trabalho apenas do município, ele envolve a atuação de profissionais tecnicamente preparados no planejamento e na execução de políticas públicas, associado à atuação da sociedade civil por meio de ONGs e entidades de classes.
“Unindo as medidas estruturais e não estruturais adotadas no município, aliadas aos profissionais devidamente habilitados e qualificados no mercado local, a cidade desponta como polo formador de profissionais de excelência e como consequência torna-se uma das melhores cidades no cenário nacional na ótica do saneamento”, afirma Moisés, definindo este como mais um fator também determinante no crescente sucesso da cidade.
No que diz respeito à formação de profissionais na área ambiental, não há como negar que as universidades possuem papel fundamental no desenvolvimento das cidades e influenciam diretamente a qualidade de vida das comunidades em que se inserem. Nesse cenário, destaca-se a Uniube Uberlândia, pioneira no curso de Engenharia Ambiental, que vem oferecendo, há 15 anos, profissionais qualificados para o mercado.
De acordo com o Coordenador do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, professor Dr. Fabrício Pelizer, a demanda por profissionais na área do saneamento básico tem aumentado bastante nos últimos anos, seja para trabalhar em municípios de grande porte ou de pequeno e médio portes. “Isso tem acontecido porque os desafios relacionados ao saneamento básico, ao tratamento de água e esgoto, à captação de água e ao fornecimento para população local, inclusive abraçando as questões relacionadas aos resíduos sólidos, como lixo úmido e os recicláveis, vêm atraindo bastante profissionais para trabalhar em projetos e programas que envolvam as pessoas e a tecnologia na modernização dos municípios”, conta o professor.
Outro fator importante, que chama a atenção de futuros profissionais para essa área do mercado, são as mudanças nas leis de saneamento básico que, a cada dia, buscam abrir mais incentivos para que os municípios possam investir em modernização, por exemplo, a mudança da Lei 14.026 de 2020. “A mudança na Lei tem aumentado ainda mais a expectativa por profissionais, já que, a partir desse marco, os municípios vão conseguir novas oportunidades de financiamento e captação de recursos para sua modernização. Esse é o grande desafio do Brasil atualmente. Isso tem feito com que os profissionais busquem qualificação e o mercado se mantenha aquecido, logo enxergamos oportunidades futuras. Com isso, o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária vem sendo diariamente remodelado em suas propostas, para acompanhar o mercado e sempre preparar da melhor forma possível seus alunos”, finaliza o coordenador.