Para ajudar a solucionar esses problemas, projetos interdisciplinares do CEFET-MG buscam usar a informação como aliada no combate. O projeto “Ciência, Tecnologia e Sociedade no combate à COVID-19: uma rede comunicação popular, acesso à informação e solidariedade” foi proposto por servidores e discentes do Departamento de Ciências Sociais e Filosofia (DCSF) da Instituição, e dialoga com proposta do Departamento de Computação (Decom), “Plataforma Digital para comunicação, ciência, cidadania, acesso à informação e solidariedade em comunidades periféricas”
Do lado das ciências sociais, a proposta, como explica seu coordenador, professor Bráulio Silva Chaves, é a estruturação de uma rede de comunicação popular. Ela é fruto de demandas emergenciais vindas dos próprios territórios que serão alvo da ação: Cabana do Pai Tomás, Ocupação Vila da Conquista, Ocupação Paulo Freire e Ocupação Vila Esperança. “Lideranças e movimentos sociais que participaram de várias reuniões conjuntas falaram que a dificuldade de comunicação é um dos maiores obstáculos do combate à COVID-19 e que a disseminação de notícias falsas tem impedido a chegada de informações oficiais nesses locais”. Em um primeiro momento, o projeto prevê a coleta de informações sobre métodos de prevenção e higiene, informações sobre renda (como o cadastro para o auxílio emergencial) e informações sobre redes de solidariedade (como distribuição de cestas básicas, máscaras e kits de higiene). Depois, integrantes do Decom desenvolverão mecanismos acessíveis e populares para a divulgação das informações. Estão previstas também ações nos próprios locais, de auxílio presencial.
De acordo com Bráulio, a escolha destes aglomerados e ocupações urbanas vêm de projetos anteriores do DCSF, que já dialogam há mais tempo com estes espaços. O Programa SoFiA, por exemplo, atua há mais de cinco anos com extensão popular e divulgação científica na Cabana do Pai Tomás. “Também tivemos vários diálogos com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que que atua na articulação política, de mobilização e de organização das ocupações urbanas que serão foco das ações”.
O professor destaca que o atual estágio da pandemia mostra as dificuldades do isolamento social nesses lugares. ?As medidas de urgência nesses territórios apontam o desafio da informação e comunicação, feita de forma objetiva, nítida, popular, usando recursos da comunicação comunitária para a prevenção, fazendo circular as medidas de prevenção vindas de órgãos oficiais, com o conhecimento em tempo real e de forma rápida?, explica. ?Para muita gente pode parecer impensável, mas o que há de mais básico não tem chegado em muitos locais. As aglomerações de pessoas que circulam nas redes sociais são apenas um dos sintomas?. É importante, então, segundo Bráulio, a atuação de forma prática, por meio de um trabalho estratégico.
“Instituições como o CEFET-MG podem colocar sua história e função social na tentativa de reduzir tais impactos”.
O projeto reúne estudantes do PET conecTTE e do COMPET, além de voluntários de projetos de pesquisa e extensão do DCSF. A iniciativa foi uma das 38 selecionadas em edital da Diretoria de Extensão e Desenvolvimento Comunitário para atividades de enfrentamento à COVID-19.