Thiago Bertacchini, Senior Business Development da Nethone
O e-commerce brasileiro teve forte expansão na pandemia, e seu impacto nas vendas continuará sendo muito importante para as empresas. Um relatório da Americas Market Intelligence indica que as vendas online chegaram a US$ 197,6 bilhões no ano passado, com expansão de 29% em relação ao ano anterior. A expectativa é que o e-commerce movimente US$ 341,7 bilhões em 2025 – com crescimento médio anual de 22% desde 2021.
A contínua expansão do varejo online tem sido impulsionada pelos marketplaces: ainda segundo o relatório Americas Market Intelligence, o modelo “shopping virtual” representou 62,4% do comércio eletrônico brasileiro no ano passado. Não é à toa que grandes varejistas de todos os segmentos têm incluído marketplaces em sua estratégia de mercado, com o objetivo de lucrar não só com a venda direta ao consumidor, mas também com a intermediação de vendas por terceiros e prestação de serviços de marketing, gestão e logística.
Para que esse crescimento continue, no entanto, as plataformas de marketplace e os vendedores precisam dar mais atenção a um aspecto cada vez mais importante: os riscos de fraudes online.
Não é nenhum segredo que os cibercriminosos estão continuamente à procura de oportunidades de lucrar – o que, para as vítimas, pode significar danos enormes e duradouros. À medida que os marketplaces ganham destaque crescente no comércio eletrônico, eles também se tornam um alvo mais desejável.
O risco pode ser muito alto. Afinal, não se trata de uma operação isolada de uma única empresa, mas de um modelo de negócio em que dezenas de milhares de empresas e empreendedores se conectam a uma plataforma para, a partir dela, impactar milhões de clientes que acessam o marketplace. Uma quebra de segurança na plataforma pode afetar tanto consumidores quanto vendedores – e gerar uma quebra de confiança difícil de reverter.
Como combater a fraude online nos marketplaces
A luta contra as fraudes online não tem uma resposta única, justamente porque são inúmeras as possibilidades de cometer crimes digitalmente. Do controle de contas ao ransomware, passando por ações de phishing para convencer as vítimas a fornecer dados e facilitar o acesso aos sistemas, existem várias maneiras de os criminosos comprometerem os sistemas, capturarem dados confidenciais e monetizarem suas ações fraudulentas.
Portanto, a estratégia de combate a fraudes em marketplaces envolve vários pontos de atenção. Dentre eles, merecem destaque:
1) Respeito ao quadro legal:
Regulamentações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foram criadas como forma de dificultar ações criminosas e definir melhor os deveres e direitos de cada participante do ecossistema empresarial. Alinhar os processos de negócios com as regras da LGPD é essencial para que toda empresa se proteja.
Do ponto de vista dos marketplaces, é preciso não apenas garantir a proteção das informações dos clientes, mas também restringir a troca de informações sensíveis com os sellers ao estritamente necessário. A LGPD exige que as empresas implementem medidas técnicas e administrativas para proteger os dados pessoais contra acesso não autorizado, destruição acidental ou ilícita, alteração, divulgação e qualquer outra forma de processamento não autorizado. A autenticação de dois fatores (2FA) é uma medida de segurança amplamente reconhecida que pode ajudar as empresas a proteger dados pessoais, exigindo que os usuários forneçam duas formas de identificação antes de acessar informações confidenciais. Quanto mais dados sigilosos circularem, maior a possibilidade de passarem por algum ponto vulnerável e serem capturados por criminosos.
2) Não tente fazer tudo sozinho:
Por maior que seja o mercado, seu negócio não é segurança digital – é varejo online. Nenhuma plataforma sozinha será capaz de acompanhar todas as evoluções do cibercrime e desenvolver respostas para elas. A melhor forma de evitar fraudes é recorrer aos serviços de empresas especializadas para melhorar a sua capacidade de detecção.
O ditado, nesse caso, faz muito sentido: a união faz a força. Empresas especializadas estão focadas 24 horas por dia na compreensão e combate às ações criminosas. Nenhuma plataforma de varejo tem tempo, disponibilidade, capacidade técnica ou poder de investimento para dedicar a atenção necessária a esse tema.
3) Busque evolução constante:
O cibercrime está sempre mudando – e as táticas, técnicas e tecnologias de prevenção também estão mudando. Para obter sucesso na prevenção de crimes digitais, os marketplaces precisam ter em mente que precisarão evoluir constantemente, o que exigirá investimentos contínuos em infraestrutura e sistemas de proteção.
A preocupação com a segurança precisa ser constante. Cuide do problema por um período de tempo específico e a plataforma ficará temporariamente protegida – e poderá ser seriamente afetada mais adiante.
4) Use o poder da Inteligência Artificial
O surgimento de fraudes como identidades sintéticas torna cada vez mais difícil diferenciar entre o que é real e o que é falso no mundo digital. Com a necessidade de processar transações em questão de segundos, simplesmente não há tempo para revisar milhões de vendas. Por outro lado, os sistemas de proteção baseados em regras são facilmente superados pelas capacidades dos cibercriminosos.
Para aliar velocidade, segurança e uma boa experiência para o consumidor final (e cliente legítimo do marketplace), as plataformas precisam colocar o poder da Inteligência Artificial a seu favor. Os sistemas de segurança que aprendem e analisam continuamente as “pegadas digitais” de milhares de consumidores aumentam a segurança e podem identificar melhor os riscos.
O futuro dos marketplaces no Brasil continua muito promissor. Para continuar crescendo e conquistando ainda mais espaço, porém, as plataformas precisam estar atentas às necessidades de segurança e contar com parceiros tecnológicos capazes de entregar a proteção necessária ao negócio. A fraude online representa grandes desafios para a gestão de negócios, mas superar esses desafios é fundamental para o sucesso.