A atividade de mapeamento é estratégica para o conhecimento sobre o território cultural da UFMG e para a concepção de políticas que garantam direitos para toda a comunidade universitária. Quem afirma é a coordenadora de Políticas Culturais da Diretoria de Ação Cultural (DAC) da UFMG, Thobila Gabriela de Lima.
Ela foi uma das participantes do debate sobre Política cultural da UFMG: mapeamento e subsídios para construção do novo plano de cultura da universidade, que foi transmitido pelo canal Cultura UFMG no YouTube, como parte da programação do 15º Festival de Verão da UFMG .
Ao longo de sua exposição, Thobila Gabriela delimitou a noção de cultura assumida pela instituição. Segundo ela, essa noção ampliada extrapola linguagens artísticas, como artes visuais, teatro, dança, música, fotografia e artes urbanas, e inclui os diversos registros do patrimônio, tanto material quanto imaterial, e suas dimensões correlatas, como memória, restauração e saberes tradicionais.
“Devemos compreender também os desdobramentos identitários, que incluem manifestações internacionais, nacionais, locais, regionais, indígenas, de negros, de cultura popular, de gênero e de pessoas com deficiência. A noção de cultura deve ser pensada, ainda, quanto ao seu suporte físico, espacial e tecnológico: arquivos, bibliotecas e espaços institucionais como Espaço do Conhecimento, Conservatório, Centro Cultural, Editora e os museus”, exemplificou.
Segundo Thobila Gabriela, a produção de estudos reflexivos também compõe os objetivos da DAC. “O mapeamento incentivará o fluxo de produções acadêmicas que divulguem o estado da cultura na Universidade”, completou a coordenadora, que é especialista em gestão cultural.
Respostas
Para o Diretor de Ação Cultural, Fernando Mencarelli, o diálogo, a criação, a discussão e a partilha dos processos de construção de políticas culturais na UFMG são processos fundamentais para a busca de afirmação dos direitos à cultura. “É importante, especialmente no momento de crise sanitária, social e humanitária que vivenciamos, que a gente continue trabalhando para garantir a afirmação de todos os direitos. Eles são necessários para que possamos encontrar as respostas para os desafios”, afirmou.
Mencarelli mencionou alguns passos que serão dados na elaboração do plano cultural da Universidade, como a consolidação de um ciclo de fóruns, entre maio e setembro deste ano, “com dois ou três encontros por mês”. A criação de um sistema de informação cultural, de um observatório da cultura, e o estabelecimento de cooperação interinstitucional e do mapeamento cultural como ação contínua também estão entre as estratégias, de acordo com o dirigente.
Transversalidade
Como relatou a professora Ana Flávia Machado, do Departamento de Ciências Econômicas, a UFMG vem priorizando a questão da transversalidade desde sua gestão anterior, quando foi incorporada ao currículo acadêmico a formação transversal em Cultura e Processos Criativos.
“Esse reconhecimento é fundamental porque se pode pensar, a princípio, que a cultura e as artes residem em unidades acadêmicas específicas, como a Escola de Belas Artes, a Música, a Arquitetura ou a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Mas a cultura perpassa todas as áreas, seja na condição ativa – do ator e do técnico – ou passiva – de quem pesquisa sobre os vários fenômenos em um território”, refletiu a docente.
Para ela, a publicação das atividades culturais que ocorrem no interior da UFMG ajuda a formalizar uma política na Universidade e potencializa a cultura na cidade. “A política cultural deve tornar visível uma produção artístico-cultural que, aqui, abarca também o ensino e a pesquisa, já que, muitas vezes, a atividade cultural e artística é ligada somente à extensão”, lembrou Ana Flávia, que é membro do Comitê Executivo da Associação Internacional de Economia da Cultura (ACEI).
O 15º Festival de Verão UFMG segue até quinta-feira, 11 de março. Veja a programação.